Agosto bate recorde com 79% das famílias endividadas, segundo CNC. Candidatos miram solução para as dívidas

Atraso no pagamento de contas de consumo alcançou 29,6% do total de famílias endividadas. É o maior percentual da série histórica iniciada em 2010.
6 de setembro de 2022

O número de famílias endividadas atingiu, em agosto, 79% do total de lares no país, informou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta segunda-feira (5). Ainda em agosto, o número de pessoas que atrasou o pagamento de contas de consumo ou de dívidas também cresceu, alcançando 29,6% do total de famílias no país.

A realidade é que 8 entre 10 famílias brasileiras têm ao menos uma dívida. Com a inflação corroendo a renda, os ganhos mensais, mesmo para as pessoas empregadas, não são suficientes para pagar todas as despesas. Diante o número crescente de famílias endividadas, os candidatos à Presidência Ciro Gomes (PDT0 e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm dado destaque às propostas que ajudem os devedores na quitação das dívidas e negociação com os bancos.

Para o  indicador divulgado, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da CNC considera dívidas a vencer no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

A aceleração do endividamento em agosto foi semelhante nas duas faixas de renda pesquisadas. Para as famílias com rendimentos de até 10 salários mínimos, a alta da contratação de dívidas foi mais expressiva do que entre as famílias de maior renda – de 1,1 ponto percentual e 0,9 ponto, respectivamente.

A pesquisa da CNC mostra que o endividamento por carnês no varejo tem avançado em meio à redução de 3,2 pontos percentuais no número de devedores por cartão de crédito.

O número de famílias brasileiras com dívidas em lojas do varejo avançou e atingiu 19,4% em agosto. A alta foi de 0,5 ponto percentual em relação a julho e de 1,2 ponto frente a agosto do ano passado. É o maior percentual da série histórica iniciada em 2010. A CNC aponta que entre as principais causas para o aumento do endividamento estão a injeção extra de renda às famílias, como os saques do FGTS e antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS.

A alta das dívidas, feitas diretamente com o comércio, via carnês e cartões de loja, é explicada pela procura por esse tipo de crédito pelas famílias de menor renda.

Nos últimos quatro meses, o endividamento nos carnês subiu 1,8 ponto percentual dentro desse público, alcançando 19,8%. O endividamento entre os homens supera o das mulheres: 19,5%, contra 18,8%, respectivamente.

Segundo a Confederação, a proporção de famílias com atraso em contas ou dívidas avançou 0,6 ponto percentual no mês e 4 pontos em um ano. Do total de inadimplentes, 10,8% afirmaram que não terão condições de pagar contas já atrasadas – permanecendo na inadimplência.


Candidatos à presidência do Pais, Ciro Gomes e Lula  anunciam  negociação com os bancos para redução de taxa de juro aplicada nos empréstimos para a população. Intenção é diminuir o número de famílias endividadas

O ex-presidente e candidato do PT, Lula, propõe renegociar as dívidas de famílias, pequenas e médias empresas com bancos públicos e privados. No caso de entidades privadas, o governo forneceria incentivos para obter “condições adequadas de negociação com os devedores”, como cita o documento da campanha. Não foram detalhados esses incentivos.

Outra proposta de Lula é ampliar a concorrência dentro do sistema bancário, aumentando a chance de instituições menores disputarem com os bancões.

O candidato Ciro Gomes tem divulgado que pretende limitar o teto de empréstimos do cartão de crédito e do cheque especial a 100%. Segundo Ciro, a lei vai proibir os bancos de cobrarem mais de duas vezes o valor de um empréstimo ou de uma dívida. Ou seja, se uma pessoa pegar um empréstimo de R$ 100 e pagar a dívida com R$ 200, ela deixa de ter o nome sujo.


Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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