Alimentos puxam alta de 0,95% no IPCA-15 em março

Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 10,79%, elevando a "inflação dos mais pobres"
25 de março de 2022

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial, ficou em 0,95% em março, 0,04 ponto percentual abaixo da taxa de fevereiro (0,99%). É a maior variação para um mês de março desde 2015 (1,24%). O índice foi divulgado nesta sexta-feira (25) pelo IBGE.

Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 10,79%, acima dos 10,76% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Alimentação e bebidas tiveram alta de 1,95%

Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta. No entanto, o maior impacto (0,40 p.p.) e a maior variação (1,95%) vieram de Alimentação e bebidas, que acelerou em relação ao mês anterior (1,20%), impactando ainda mais a “inflação dos mais pobres”.

A alta dos alimentos foi puxada pelos aumentos dos preços de alimentos para consumo no domicílio (2,51%), devido à influência de fatores climáticos como estiagem no Sul e chuvas no Sudeste. Com isso, houve disparada dos preços da cenoura (45,65%), e altas expressis nos preços do tomate (15,46%) e das frutas (6,34%). As altas atingiram ainda os preços da batata-inglesa (11,81%), do ovo de galinha (6,53%) e do leite longa vida (3,41%). Nas quedas, destaque para o frango em pedaços (-1,82%), cujos preços já haviam caído em fevereiro (-1,31%).

Já o segundo maior impacto (0,16 p.p.) veio do grupo Saúde e cuidados pessoais, cujos preços subiram 1,30%, após a queda observada em fevereiro (-0,02%).

Transportes

Na sequência, vieram os Transportes, com 0,15 p.p. de contribuição e alta de 0,68%, com a variação positiva de ônibus urbano (1,04%) decorrente dos reajustes nas passagens em Curitiba (10,67%): reajuste de 22,23%, a partir de 1º de março; Recife (9,07%): reajuste de 9,33%, em vigor desde 13 de fevereiro; e Fortaleza (0,26%): reajuste de 8,55%, vigente desde 15 de janeiro. Também houve aumento nas passagens dos ônibus intermunicipais (0,37%) em Curitiba (1,51%) e no Rio de Janeiro (4,12%), ambos a partir de 1º de março.

Além disso, os preços da gasolina subiram 0,83%, o subitem de maior peso no IPCA-15, 6,40% do total. O aumento deve-se ao reajuste de 18,77% do combustível nas refinarias, em 11 de março. Ocorreram altas também nos preços do óleo diesel (4,10%) e do gás veicular (5,89%). O etanol foi a exceção, com queda de 4,70%. Destaca-se também o resultado das passagens aéreas (-7,55%), cujos preços caíram pelo terceiro mês consecutivo.

Juntos, os três grupos representaram cerca de 75% do impacto total do IPCA-15 de março e são justamente os itens que consomem a renda das famílias mais vulneráveis.

Outros destaques foram Habitação (0,53%) e Artigos de residência (1,47%), este último com a segunda maior variação no índice do mês. Os demais grupos ficaram entre o 0,04% de Comunicação e o 0,95% de Vestuário.

Veja aqui os dados oficiais do IPCA-15 / IBGE.

Simulações inflacionárias para final de 2022

O Boletim Economia Para Todos Investidor Mestre analisou o relatório de inflação do Banco Central que produziu duas simulações inflacionárias para o final de 2022. A primeira é levando em consideração um choque do preço do petróleo que deve se dissipar até maio, enquanto o segundo é resultado de uma persistência maior da alta do preço do petróleo.

No primeiro caso foi estimada uma inflação de 6,3% para o final de 2022 e de 3,1% para 2023, enquanto no segundo caso, se persistirem os problemas entre Rússia e Ucrânia, a inflação deve finalizar o ano em 7,1% e em 3,4% em 2023.

Os economistas do Boletim Economia Para Todos analisam que, em ambos os cenários a inflação deve se desacelerar durante o ano, mas, mesmo assim, ficaria acima do teto da meta estipulada.

O Relatório Inflacionário mostrou uma grande preocupação com o cenário internacional, que com o conflito no leste europeu, tem levado as negociações das commodities a patamares mais altos, o que, consequentemente, influencia na pressão inflacionária do país.

As preocupações em relação ao preço das commodities que o Banco Central apresentou enriquecem o relatório, mas apresentam uma análise muito conservadora, pautada fortemente em questões de demanda para explicar a inflação, o que pode trazer um distanciamento do real problema.

Redação ICL Economia
Com informações do IBGE e Boletim Economia Para Todos Mestre Investidor

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