A Americanas anunciou, na segunda-feira (27), que obteve apoio de parte de seus credores para o plano de recuperação judicial, que envolve o aporte de R$ 24 bilhões em recursos, sendo metade do valor pago pelos “acionistas de referência” da rede varejista, ou seja, o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles , donos da 3G Capital.
A outra metade do valor (R$ 12 bilhões) será adicionada pelos próprios credores, por meio de uma conversão de dívidas em ações.
O plano será colocado em votação na próxima assembleia de credores, marcada para 19 de dezembro. A rede varejista entrou com um pedido de recuperação judicial em janeiro de 2023, na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, mas o plano ainda precisa passar pela aprovação dos credores para começar a valer.
Em nota, a empresa afirma que o grupo de “credores apoiadores” representa mais de 35% de sua dívida, que beira a casa dos R$ 50 bilhões. A Americanas espera ampliar o grupo de apoio para mais de 50% até a data da assembleia.
A empresa afirma que parte relevante dos credores concordaram em “dar suporte” ao plano de recuperação e disseram que votarão favoravelmente ao plano.
Esse detalhe é importante pois são os credores que têm poder de voto proporcional ao tamanho da dívida.
Em nota, Americanas diz que acordo é parte importante do plano de recuperação judicial
Trecho da nota da Americanas, assinada pelo CEO da empresa, Leonardo Coelho, diz que “este acordo é um marco importante de nosso processo de Recuperação Judicial e um significativo progresso da Americanas no caminho para a nossa meta de emergir como uma empresa mais forte, mais competitiva, preservando a importante atividade econômica que representa e os milhares de empregos diretos e indiretos gerados em todo o país”.
Apesar da divulgação, a varejista não deu detalhes do plano de recuperação, o que ocorrerá somente na assembleia do dia 19 de dezembro.
Entre algumas das iniciativas antecipadas pela empresa está a priorização do pagamento de credores que aceitem receber até R$ 12 mil à vista em cota única, logo após a aprovação do plano. Também foram montadas alternativas especiais para os credores fornecedores da Classe 3.
Aos demais acionistas, a Americanas também prevê no plano uma previsão para as ações a serem emitidas. A cada três novos papéis emitidos, haverá um bônus de subscrição, cujo preço de exercício será de 1 centavo de real.
Além disso, serão reservados R$ 8,7 bilhões para pagamento de credores financeiros, por meio de leilão reverso (R$ 2 bilhões) ou pagamento antecipado de créditos com desconto (R$ 6,7 bilhões).
A companhia também prevê no plano R$ 2 bilhões para pagamento de credores financeiros por meio de mecanismo de leilão reverso e R$ 6,7 bilhões para aqueles que optarem por receber antecipadamente, mas com forte desconto.
No último dia 16, após vários adiamentos, a rede varejista divulgou seu balanço financeiro de 2022, no qual reporta prejuízo financeiro acumulado de R$ 12,9 bilhões, o dobro do registrado em 2021. Os números negativos, segundo a companhia, resultam do fraco desempenho operacional e elevada despesa financeira da empresa no ano passado.
A varejista fechou o ano de 2021 com prejuízo líquido de R$ 6,237 bilhões, número revisado após revelação de uma das maiores fraudes contábeis do país. Esse foi um ano em que Americanas havia anunciado um lucro líquido de R$ 544 milhões, bem acima dos R$ 315 milhões de 2020.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do G1