Pressão: Arthur Lira disse que pediu ‘ajuda’ de Lula para votar reforma tributária

No encontro, Lira voltou a emparedar o governo ao dizer que o “combustível está acabando”, referindo-se ao apoio do grupo político chamado centrão, fora da base lulista, a projetos de interesse do Executivo
6 de junho de 2023

Após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio da Alvorada ontem (5), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que pediu ao petista uma maior “ajuda” do governo para aprovação da reforma tributária. Ele prometeu pautar a matéria ainda neste semestre na Casa, antes do recesso parlamentar. Porém, frisou que, sozinho, não poderia assumir o compromisso de aprovação da pauta.

“Eu quero pautar [a reforma tributária]. Não posso assumir o compromisso e a responsabilidade de aprovar. Eu, hoje na conversa, pedi toda ajuda ao governo. Governo precisa se mobilizar porque medidas importantes para facilitação da angariação de votos no plenário dependem de medidas econômicas do Ministério da Fazenda, depende de medidas políticas do governo, depende de articulação também do governo com entes federativos, governadores, prefeitos de capitais e cidades pequenas e, também, do setor privado”, disse, durante entrevista à CNN.

Após a aprovação da MP dos ministérios quase perto de perder a validade pela Câmara e pelo Senado, Lira deixou ainda mais público seu descontentamento com a articulação política do governo, ao afirmar que, a partir dali, o governo teria que “andar sozinho”. Devido à declaração, foi chamado por Lula para um café da manhã no Alvorada na segunda-feira.

Segundo a jornalista de O Globo Malu Gaspar, o que está por trás do descontentamento de Lira são as emendas do antigo orçamento secreto, as quais, agora, precisam do aval dos ministérios para serem liberadas.

“Eu pedi, lógico, envolvimento do governo e o presidente tem realmente interesse nessa matéria [reforma tributária], porque sabe que isso é importante para o país”, completou Lira.

Embora tente emparedar o governo, o próprio Lira tem se sentido emparado desde que a PF (Polícia Federal) iniciou uma investigação para desbaratar um esquema de venda de kits de robótica que envolve aliados do presidente da Câmara.

Um dos alvos de um mandado de busca e apreensão cumprido pela PF na semana passada, Luciano Cavalcante, auxiliar próximo do presidente da Câmara, foi demitido do cargo que ocupava na liderança do PP na Casa. A exoneração foi publicada no boletim administrativo da Câmara ontem.

Hoje (6), veio à tona a informação que Lira teria indicado R$ 32,9 mi do orçamento secreto para apadrinhar a compra de kits de robótica em escolas de Alagoas.

Em encontro com Lula, Arthur Lira reforça que “combustível está acabando”, ao se referir a apoio do centrão ao governo

No encontro com Lula, Lira voltou a emparedar o governo ao dizer que o “combustível está acabando”, referindo-se ao apoio do grupo político chamado centrão, fora da base lulista, a projetos de interesse do Executivo.

“Governo precisa fazer junto com seus líderes o processo de arregimentação de uma base que se mostre cristalina. Hoje, o governo tem contado com a boa vontade desses partidos que estão votando republicanamente”, disse Lira em entrevista à CNN. “Esse combustível está acabando”, afirmou, sem deixar claro o real motivo do descontentamento.

Para destacar a diferença ideológica entre o governo e o Parlamento, Lira destacou que o Congresso eleito não é “progressista de esquerda”, mas “reformador, liberal e conservador”. Apesar da diferença, segundo ele, o governo não perdeu nenhuma matéria importante.

Na conversa com o presidente, Lira disse que Lula sinalizou que vai atuar de forma mais efetiva na articulação. Ainda ontem à tarde, o petista disse que se reuniria com líderes partidários.

“Penso que o presidente Lula está se movimentando e é importante que ele se movimente”, disse Lira.

O petista, segundo ele, vai exigir que antes do envio de medidas provisórias ao Congresso seus ministros conversem com o presidente da Câmara e do Senado (Rodrigo Pacheco), porque ainda não há uma pacificação entre as casas sobre o rito das MPs.

Redação ICL Economia
Com informações de O Estado de S.Paulo e O Globo

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