A reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, realizada em 3 e 4 de maio, terminou com um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa de juros, mostra a última Ata do Fomc (Federal Open Market Committee), divulgada nesta quarta-feira (25). Os integrantes do Comitê de Política Monetária do Federal Reserve também sinalizaram novos aumentos na taxa de juros básica em 0,5 ponto percentual nas próximas duas reuniões, de junho e julho.
A maioria dos dirigentes do Federal Reserve defendeu que aumentos de 50 pontos-base (pb) provavelmente serão apropriados “no próximo par reuniões” nos Estados Unidos.
De acordo com a ata do Fomc, na reunião ocorrida nos dias 3 e 4 de maio, todos os dirigentes reafirmaram o seu forte empenho e determinação em tomar as medidas necessárias para restabelecer a estabilidade de preços.
Nesse contexto, por unanimidade, os dirigentes concordaram que era apropriado aumentar os Fed Funds em 50 pontos-base. “Para tanto, o Comitê deveria mudar rapidamente a postura da política monetária para uma postura neutra”, diz o texto.
Todos os participantes também apoiaram os planos de redução da compra de títulos, que ocorre a partir do dia 1º de junho, funcionando “paralelamente aos aumentos da meta para a taxa básica de juros para firmar a orientação da política monetária.”
“Vários membros comentaram que, após a liquidação do balanço estar bem encaminhada, seria apropriado que o Comitê considerasse as vendas de hipoteca para permitir o progresso adequado em direção a uma carteira de prazo mais longo composta principalmente de títulos do Tesouro”, segue, ressaltando que tal passo nesse sentido “seria anunciado com bastante antecedência”.
Em relação aos riscos relacionados à redução do balanço, vários membros observaram o potencial de efeitos imprevistos nas condições do mercado financeiro.
Ata do Fomc menciona guerra e Covid-19 na China
É consenso entre os dirigentes do Fed que os riscos inflacionários se inclinaram para cima, segundo a Ata do Fomc divulgada hoje. Eles citaram riscos associados a gargalos de fornecimento contínuos e preços crescentes de energia e commodities – ambos exacerbados pela invasão russa da Ucrânia e bloqueios relacionados à Covid-19 na China.
Além disso, foram mencionados os riscos derivados do crescimento nominal dos salários. “Os dirigentes concordaram que as perspectivas econômicas eram altamente incertas e que as decisões de política monetária deveriam ser dependentes de dados e focadas em retornar a inflação para a meta de 2%, mantendo as condições do mercado de trabalho fortes”, diz o documento.
Alguns dirigentes ainda enfatizaram que a inflação persistentemente alta aumentava o risco de que as expectativas de inflação de longo prazo fiquem desancoradas, dificultando a tarefa de trazer a inflação de voltar à meta de 2%.
Os dirigentes do Fed esperam que a economia dos Estados Unidos tenha crescimento sólido no segundo trimestre deste ano, apesar da queda vista nos três meses anteriores. Não há qualquer menção à possibilidade de recessão.
De acordo com o documento, os membros notaram que os componentes voláteis, como exportações líquidas e investimento em estoque, devem ter “pouco sinal” sobre o crescimento neste trimestre e observam que os gastos de famílias e investimentos fixos de empresas seguiram fortes nos três primeiros meses do ano.
A expectativa dos dirigentes é que o desequilíbrio entre oferta e demanda agregadas diminua ao longo do tempo. Eles observaram que a duração e magnitude dos gargalos de oferta, aumento da participação da força de trabalho e efeitos das políticas fiscais ligados à pandemia são incertos.
Economista avalia que alta da taxa de juros no EUA pode contagiar economia global
De acordo com o economista do ICL, André Campedelli, o efeito colateral do juro mais alto na economia norte-americana é preocupante por contagiar a economia global como um todo. “O cenário piora se pensarmos que os Estados Unidos acabaram de apresentar um primeiro trimestre surpreendentemente negativo, o que leva a crer que um aperto monetário pode derrubar ainda mais a economia do país”, afirma o economista.
Ele explica que a justificativa dada pelos banco central dos EUA é de que a alta da taxa básica de juro é uma importante iniciativa para o combate inflacionário. Na avaliação de Campedelli, a afirmação não é completamente verdadeira pelo motivo de a inflação estar relacionada aos custos de produção e não ao excesso de demanda econômica.
Redação ICL Economia
Com informações do Estadão Conteúdo