Atividade econômica da Argentina cai 3,9% em junho. Alta no custo de vida faz brasileiros deixarem o país

A queda na atividade econômica foi pior do que esperavam os analistas, que previam uma redução de 1,9%.
22 de agosto de 2024

A atividade econômica da Argentina recuou 3,9% em junho em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados oficiais divulgados ontem (21). Desde que o economista ultraliberal de extrema direita, Javier Milei, tomou posse, em dezembro passado, o custo de vida tem subido tanto que brasileiros estão deixando o país.

A queda na atividade econômica foi maior do que a esperada por analistas, que previam uma redução de 1,9%, segundo informações da Reuters divulgadas pelo site g1. Nem a pior das projeções no levantamento da agência, que previa encolhimento de 3,2%, chegou aos 3,9% de baixa registrados.

Apesar da contração, no ano, a economia argentina apresentou uma alta anual de 2,3% em maio, após seis meses consecutivos de quedas na atividade econômica. Contudo, o pacotaço do arrocho implementado por Milei tem penalizado principalmente a população mais pobre do país.

A pobreza aumentou para cerca de 60%. Programas importantes de transferência de renda, por exemplo, sofreram quedas de mais de 50%, como é o caso do Potenciar Trabajo.

Em maio, a alta da atividade econômica foi puxada pelo setor agrícola e pecuário, que disparou 100% na relação anual, superando um período de secas severas no ano anterior, que prejudicou as plantações.

Em junho, o setor continuou crescendo e acumulou uma alta de 82%. Contudo, esse movimento não foi suficiente para ajudar a Argentina a continuar crescendo, pois o pacotaço da maldade de Milei reduziu o consumo da população e outros setores importantes da economia, como o da construção, que despencou 24% na comparação anual. Já a atividade industrial caiu 20%.

Além disso, o pacote de Milei deixou de subsidiar tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais, promovendo um aumento expressivo nos preços. Ele também paralisou obras federais e interrompeu o repasse de dinheiro para os estados, visando a reduzir os gastos públicos.

Esse conjunto de medidas contribuiu para reduzir a atividade econômica do país.

Com custo de vida alto, brasileiros deixam a Argentina

Reportagem da BBC News Brasil publicada no site g1 entrevistou o estudante de medicina brasileiro Lucas dos Anjos, de 22 anos, que vivia na Argentina desde 2019, mas, há seis meses, decidiu mudar de país, devido ao aumento do custo de vida. Ele contou à reportagem que, quando chegou ao país, pagava R$ 300 de aluguel, que no início deste ano passou para R$ 2 mil. Outro item que subiu, segundo ele, foi o arroz – de R$ 2 para R$ 10 o pacote. Hoje ele mora no Paraguai.

A BBC News Brasil conversou com outros brasileiros que já deixaram a Argentina ou que pretendem se mudar em breve, principalmente, pelo aumento do custo de vida.

Levantamento do Centro de Estudos Scalabrini Ortiz, que analisa índices socioeconômicos no país, mostrou que inquilinos enfrentaram no último ano, de janeiro a dezembro, aumentos de 285% a 309% nos aluguéis de imóveis de um a três quartos.

Isso ocorreu porque uma legislação que estava em vigor desde a pandemia foi extinta. A Lei do Aluguel, aprovada em 2020 pelo Congresso argentino, impunha limites aos aumentos dos aluguéis e havia estendido a duração dos contratos de dois para três anos. O fim da lei instituída para proteger os inquilinos, somado ao pacote do arrocho de Milei, piorou a situação.

Naquele época, muitos proprietários de imóveis optaram por vender em vez de alugar ou priorizam as locações por temporada, consideradas mais rentáveis.

Em dezembro passado, logo após ser empossado, Milei revogou, por meio do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), a lei que limitava o aumento do aluguel — assim como outras medidas de controle de preços.

Os contratos passaram a poder ser negociados livremente e os proprietários também puderam passar a cobrar em dólar, tornando oficial uma prática que já ocorria informalmente.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do g1

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