As contas externas do país registraram um déficit de US$ 44 bilhões nos 10 primeiros meses do ano, com aumento de 46,2% na comparação com o mesmo período do ano passado (-US$ 30,1 bilhões). As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (25) pelo Banco Central (BC).
O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
O aumento no déficit das contas externas na parcial de 2022 deve-se a uma piora na conta de serviços (mais gastos no exterior, incluindo viagens) e de renda (aumento das remessas ao exterior pelas empresas).
A expectativa do Banco Central é de déficit de US$ 47 bilhões em 2022. Será o maior desde 2019 (-US$ 65 bilhões), ou seja, em três anos. Somente em outubro, o déficit nas contas externas somou US$ 4,62 bilhões, contra US$ 6 bilhões no mesmo mês do ano passado.
Banco Central indica aumento dos investimentos estrangeiros
De acordo com o Banco Central , os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira totalizaram US$ 73,95 bilhões de janeiro a outubro deste ano, o que representa o maior patamar desde 2014 (US$ 74,76 bilhões), ou seja, em oito anos. A série histórica do BC tem início em 1995.
Com isso, os investimentos foram mais do que suficientes para financiar o déficit das contas externas. Somente em outubro, a entrada de investimentos estrangeiros no país somou US$ 5,54 bilhões, com crescimento na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando somou US$ 3,37 bilhões.
Em 12 meses, os investimentos estrangeiros somaram US$ 73,8 bilhões até outubro deste ano, contra US$ 71,6 bilhões no mês anterior (setembro) e US$ 50 bilhões em outubro de 2021.
Em todo o ano passado, os investimentos estrangeiros no país totalizaram US$ 46,44 bilhões. A previsão do Banco Central, já ultrapassada, era de de que, em 2022, eles chegariam a US$ 66 bilhões.
Gastos dos brasileiros no exterior ainda não retomaram o patamar pré-pandemia
Segundo informações do Banco Central, os gastos de brasileiros com viagens ao exterior somaram US$ 1,06 bilhão em outubro deste ano, com alta na comparação com o mesmo mês do ano passado (US$ 531 milhões), quando o país enfrentava uma fase mais dura da pandemia de Covid-19.
No acumulado dos dez primeiros meses deste ano, ainda segundo o BC, os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 10,05 bilhões. Isso representa um aumento de 161% na comparação com o mesmo período do ano passado (US$ 3,84 bilhões).
Os números do BC mostram que os gastos de brasileiros no exterior ainda não retomaram o patamar de antes da pandemia, iniciada em março de 2020. Antes da Covid-19, as despesas geralmente ficavam acima de US$ 1,3 bilhão por mês, podendo superar US$ 2 bilhões em meses de alta temporada.
As despesas de brasileiros lá fora são influenciadas por alguns fatores, como o nível de atividade econômica e o preço do dólar, usado nas transações internacionais.
Passagens e despesas com hotéis, por exemplo, são cotadas em moeda estrangeira. Com isso, quando o dólar está alto, os brasileiros acabam gastando mais com esses itens.
Redação ICL Economia
Com informações do G1