Banco Mundial: Brasil supera média global em igualdade de gênero, mas perde para pares latinos

Enquanto a média global do indicador avançou de 77,1, em 2022, para 77,9, o Brasil pontuou 85,0 no índice WBL, do organismo internacional.
5 de março de 2024

No quesito igualdade de gênero, o Brasil está à frente da média global, mas perde para pares latinos como México, Uruguai, Bolívia, Peru e Paraguai. É o que aponta o mais recente índice Mulheres, Empresas e a Lei (WBL, na sigla em inglês), do Banco Mundial, divulgado ontem (4) por ocasião do Dia Internacional da Mulher, na sexta-feira (8).

A média global do indicador avançou de 77,1, em 2022, para 77,9 em 100 em sua última edição nas 190 economias ao redor do globo avaliadas.

O aumento de 0,8 pontos foi a melhoria anual mais significativa desde o início da pandemia da Covid-19, conforme o organismo.

O Brasil, por sua vez, pontuou 85,0 no índice WBL de 2024, mantendo o mesmo resultado da edição anterior. Ao seu lado estão países como Venezuela e Ucrânia. Contudo, perde para nações como Nicarágua, República Dominicana e África do Sul.

No mundo, somente 14 economias concedem às mulheres direitos legais iguais aos dos homens em todas as áreas avaliadas pelo Banco Mundial. São eles: Bélgica, Canadá, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Islândia, Irlanda, Letônia, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Espanha e Suécia.

O número permaneceu estável em relação à edição anterior do índice.

Por outro lado, a última edição do indicador acrescentou mais dois indicadores: segurança contra a violência e acesso a serviços voltados a crianças.

A inclusão dessas medidas mostrou que as mulheres desfrutam, em média, de apenas 64% das proteções legais que os homens têm acesso, bem menor que a estimativa anterior de 77%.

“Quando são consideradas as diferenças jurídicas que envolvem a violência e o cuidado das crianças, as mulheres gozam de menos de dois terços dos direitos dos homens”, alerta o Banco Mundial.

Banco Mundial reconhece “progressos notáveis” em igualdade de gênero, mas realidade ainda aponta disparidades

De acordo com o Banco Mundial, as economias têm feito “progressos notáveis” ao longo das últimas décadas ao promulgar leis de igualdade de oportunidades para mulheres.

No entanto, a disparidade enfrentada pelas mulheres no trabalho é “enorme” e “muito maior” do que se tinha em mente, segundo o organismo.

O estudo mostra que nenhum país oferece oportunidades iguais às mulheres, nem mesmo as economias mais ricas, que lideram o ranking do organismo.

“As mulheres têm o poder de turbinar a economia global em crise. No entanto, em todo o mundo, leis e práticas discriminatórias as impedem de trabalhar ou iniciar negócios em pé de igualdade com os homens”, disse o economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, ao comentar o novo estudo.

Segundo ele, fechar essa lacuna poderia aumentar o PIB (Produto Interno Bruto) global em mais de 20%.

No Brasil, a desigualdade de gênero no mercado de trabalho é um dos grandes nós a serem desatados por aqui. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostravam, no ano passado, que as mulheres ganhavam 78% do que recebem os homens. A diferença salarial entre ambos voltou a subir no país, atingindo 22% no ano anterior, segundo o instituto, depois de ter registrado uma tendência de queda até 2020.

Para tentar corrigir essas distorções, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou um pacote de leis voltadas às mulheres, entre as quais está uma que obriga a igualdade salarial.

Público feminino tem acesso a dois terços dos direitos dos homens

Pela primeira vez, o WBL avaliou ainda que as leis vigentes indicam que o público feminino tem acesso a dois terços dos direitos dos homens. Mas os países, em média, estabeleceram menos de 40% dos sistemas necessários para a plena implementação desses direitos. O resultado é “chocante”, segundo o Banco Mundial.

O estudo avaliou 32 países na região da América Latina e Caribe. “A região da América Latina e do Caribe atingiu uma pontuação média de 69,1, quase 5 pontos acima da média global (64,2) em marcos jurídicos”, disse o Banco Mundial.

Dez economias pontuaram 80 ou mais na América Latina. O Peru lidera a lista com 85. Brasil, Panamá, Paraguai, Porto Rico e Uruguai ficaram com 80.

Mas, entre as áreas em que há muitos desafios, no quesito empreendedorismo para mulheres nenhuma economia latina ou caribenha obteve nota máxima.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e CNN

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