Altamente rentáveis, bancos oferecem ajuda ridícula a vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul. ‘Não dá para acreditar’, diz Eduardo Moreira

O Itaú, que está entre as instituições que ofereceram apoio às vítimas, anunciou um pacote de R$ 10 milhões, o que corresponde a uma parcela ínfima do lucro de quase R$ 10 bilhões que o banco teve em apenas um trimestre.
8 de maio de 2024

Na esteira da comoção nacional originada pelos fortes temporais que destruíram grande parte do Rio Grande do Sul, alguns bancos brasileiros vieram a público para anunciar uma “ajuda” às vítimas da tragédia no RS.

Entre as medidas, estão ampliação de linhas de crédito, isenção de tarifas e suspensão da cobrança de contratos em atraso curto, que abrangem tanto pessoas físicas quanto jurídicas.

As instituições que anunciaram medidas nesse sentido foram Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Nubank e BTG Pactual.

Na edição deste quarta-feira (8) do ICL Notícias 1ª edição, o economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, comentou o assunto com indignação.

“Não é que beira o ridículo, não dá para acreditar! Não dá para acreditar que um banco como o Itaú, e o que ele pode ajudar é isentar tarifa. A galera que está completamente endividada pagando juros, e o Itaú – vamos falar a verdade que as pessoas não falam -, quando acabar essa tragédia, a galera toda vai ter que se endividar, a galera toda vai ter que pegar financiamento no banco, a galera toda vai ter que reconstruir as coisas e não vai ter dinheiro para isso”, disse Moreira.

Nesta semana, o Itaú anunciou um lucro recorrente gerencial de R$ 9,771 bilhões no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento considerável em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado é quase 16% maior que o registrado no ano passado.

O banco atribui esse desempenho positivo ao crescimento da margem financeira com clientes, impulsionado pelo aumento da carteira de crédito, bem como ao incremento das receitas provenientes de serviços e seguros.

Eduardo Moreira ainda lembrou que, quando tudo passar, “os bancos vão ganhar uma fortuna” com a reconstrução do estado e das vidas das pessoas. “Provavelmente o governo vai criar linhas de financiamento e quem distribui as linhas de financiamento são os bancos, e eles não distribuem de graça não”, lembrou.

Na avaliação de Moreira, os bancos não são bonzinhos pelas doações, até porque são eles, representantes do mercado financeiro, os responsáveis pelo “caos que virou o planeta”. e que o Rio Grande do Sul é provavelmente um dos estados onde o Itaú tem mais clientes, porque é um dos maiores PIBs do Brasil. “Tem pessoa física fazendo doação maior que essa”, complementou, dizendo que os bancos anunciam a ajuda para ficarem com a imagem de que são bonzinhos.

Segundo a Febraban, instituições anunciaram ajuda de R$ 20 milhões depois de tragédia no RS

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informou que instituições associadas anunciaram um total de R$ 20 milhões em doações para a região. O montante é a soma de recursos disponibilizados pelo Itaú, Bradesco, Santander, BTG Pactual, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Além disso, a federação apresentou um resumo das ações:

  • Flexibilização de carência e prazo nas ofertas de crédito para famílias e empresas, com revisão de taxas;
  • Ampliação de linha de crédito;
  • Prorrogação dos contratos dos clientes impactados em 90 dias com revisão de taxa;
  • Suspensão da cobrança dos contratos em atraso curto;
  • Suspensão da negativação dos clientes com até 15 dias de atraso;
  • Suspensão de até 3 meses nos contratos de financiamento habitacional (desde que solicitado pelos mutuários);
  • Suporte no acionamento do seguro habitacional;
  • Isenções e reprecificações de tarifas;
  • Priorização no atendimento dos clientes da região para seguros de pessoas, patrimônio, veículos;
  • Renegociação com ofertas e condições especiais para clientes afetados e suspensão de cobrança.
  • Engajamento dos colaboradores com campanha de conscientização e solicitação de apoio e ajuda;
  • Campanhas internas envolvendo empregados e clientes para arrecadação de materiais de higiene pessoal a serem encaminharmos às regiões afetadas;
  • Disponibilização de contas para o recebimento de doações voluntárias, que serão revertidas em kits de higiene e limpeza, entre outros, conforme necessidade da população impactada.

Um dos exemplos de que a caridade já está precificada é o caso do Santander. O banco está oferecendo crédito pessoal com redução em até 20% nas taxas de juros, com até 40 dias para pagar a primeira parcela. O dinheiro é creditado na hora via app Santander.

Em relação ao cartão de crédito, o banco espanhol esticou de 10 para 24 vezes o parcelamento de fatura de cartões, com desconto na taxa. Os limites dos cartões serão mantidos no mês de maio.

Ou seja, levando-se em conta o prazo que essas pessoas terão para reconstruírem suas vidas, se caírem na oferta dos bancos, ainda terão uma tremenda bola de neve ao final de tudo.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.