Uma frase do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre um eventual apoio norte-americano caso Israel decida atacar o Irã, provocou uma disparada de 5,18% no preço do barril do petróleo ontem (3), para US$ 77,73.
Ao responder à pergunta – “O senhor apoiaria um ataque de Israel à infraestrutura de petróleo do Irã?”, Biden disse: “Estamos discutindo isso. Acho que seria um pouco… enfim… Nada vai acontecer hoje, vamos falar sobre isso mais tarde [ainda nesta quinta]”, respondeu.
Para alguns agentes, a resposta de Biden a uma pergunta ardilosa denota a senilidade do presidente estadunidense, ao não medir o impacto que uma resposta de sua parte sobre tema atual tão sensível poderia provocar nos mercados globais.
Ontem, a disparada do petróleo após a fala de Biden ajudou a impulsionar a Petrobras (PETR4), que subiu 1,23%, assim como a PRIO (PRIO3), com mais 1,11%, e outras juniores. Mesmo assim, o Ibovespa acabou fechando com queda de 1,38%, aos 131.671,51 pontos, puxado pela Vale e bancos.
A pergunta a Biden se refere ao fato de que, na terça-feira (1º), o Irã lançou mísseis contra Israel em resposta aos ataques israelenses contra o Líbano, que já deixaram quase 2 mil pessoas mortas. Os Estados Unidos são aliados de Israel.
Desde a última sexta-feira (27) até ontem, a commodity já disparou cerca de 8%, com a intensificação dos conflitos.
Por que o petróleo está subindo e qual é o papel do Irã nesse mercado
Desde que teve início o conflito no Oriente Médio, em outubro do ano passado, quando integrantes do grupo Hamas sequestraram israelenses, o governo de ultradireita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem promovido uma verdadeira carnificina na região.
Havia um temor no mercado da entrada do Irã no conflito, o que aconteceu na última terça-feira. Isso porque o Irã é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, com impactos na cadeia produtiva global.
De modo geral, o Oriente Médio é uma das regiões mais importantes para a produção da commodity no mundo. Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, o Irã era o sétimo maior produtor de petróleo no mundo em 2023, com uma produção de 3,9 milhões de barris por dia.
Esse número colocou o país como responsável por quase 5% de toda a produção mundial, que foi de 82,8 milhões de barris por dia.
O Irã também tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo, responsável por 10% de toda a disponibilidade global conhecida até aqui.
O país ainda tem um papel fundamental como membro da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais aliados), o cartel de petróleo mais importante do mundo e que determina, na prática, os rumos do preço da commodity.
Entre os países-membros e aliados da Opep+ estão Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Venezuela e Rússia, por exemplo.
Uma das consequências da entrada do Irã no conflito é seu poder de influenciar os demais membros da Opep, o que elevaria ainda mais a temperatura da tensão e a uma possível guerra regional.
Além disso, o cartel pode escolher reduzir sua produção diária de barris de petróleo para diminuir a oferta da commodity no mundo, provocando a disparada dos preços do barril de petróleo no mercado internacional.
Por fim, o Irã tem uma localização estratégica para o mercado de petróleo. O Estreito de Ormuz, uma passagem que liga o Golfo Pérsico ao Oceano Índico, é uma das principais rotas do petróleo do Oriente Médio para o resto do mundo.
Pelo Estreito de Ormuz, passam cerca de 20 a 30 milhões de barris de petróleo todos os dias.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do g1