O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deu a senha e os agentes do mercado financeiro, consultados para o Boletim Focus do BC, divulgado nesta segunda-feira (17), já não apostam mais que a taxa básica de juros, a Selic, vai cair este ano. Na edição do relatório divulgada na semana passada, a aposta era de um corte de 0,25 ponto percentual, para 10,25% ao ano. Agora, a aposta é que fique nos atuais 10,50% este ano.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC vai se reunir nesta terça-feira (18) para definir o futuro dos juros. O resultado do encontro será divulgado na quarta-feira (19).
Mas, desde que a última reunião do Copom, o mercado, com o patrocínio da grande imprensa, fez uma leitura enviesada, de que há um racha no colegiado, colocando, de um lado, os diretores escolhidos pela gestão Jair Bolsonaro e, de outro, aqueles indicados pela mandato do presidente Lula.
No entanto, o presidente do BC tem tido um comportamento questionável, para dizer o mínimo, para alguém em sua função. Tem atuado, de fato, como um oponente do governo, com falas que minam a credibilidade do Brasil diante de investidores por aqui e lá fora.
O Boletim Focus divulgado hoje também mostra que o mercado financeiro elevou sua expectativa de 9,25% para 9,50% ao ano para a taxa Selic em 2025.
Em relação à inflação, o mercado também elevou as projeções do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para este e para o próximo ano.
Para 2024, a projeção subiu de 3,90% para 3,96% (foi o sexto aumento seguido no indicador), enquanto para 2025 avançou de 3,78% para 3,80%.
Com isso, a expectativa dos analistas se mantém acima da meta central de inflação de 3% tanto em 2024 quanto em 2025, mas abaixo do teto definido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). A meta será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,5% (menor piso) e 4,5% (piso mais alto) neste ano e no próximo ano.
Boletim Focus: projeção para o PIB tem leve queda este ano e é mantida em 2025
Para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2024, a expectativa do mercado caiu de 2,09% para 2,08% na semana passada. Já para 2025, a previsão de alta continuou em 2%.
No primeiro trimestre deste ano, o PIB avançou 0,8%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), puxado principalmente pelo setor de serviços.
Em relação ao dólar, o mercado elevou de R$ 5,05 para R$ 5,13 o fechamento da taxa de câmbio este ano, enquanto que, para o fim de 2025, a estimativa avançou de R$ 5,09 para R$ 5,10.
Houve recuo na projeção do superávit da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) de US$ 82,5 bilhões para US$ 82 bilhões este ano e, também, para o ano que vem, de US$ 78 bilhões para US$ 76,3 bilhões.
Por outro lado, houve manutenção da previsão de ingresso de investimento estrangeiro direto em US$ 70 bilhões este ano, enquanto avançou de US$ 72,5 bilhões para US$ 73 bilhões no ano que vem.
Lembrando que o Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) ingressou com uma representação para “identificar eventuais desvios de finalidade pelo Copom na definição da taxa Selic”.
Segundo o subprocurador Lucas Furtado, a apuração se daria por suposta “grande influência as projeções constantes do chamado ‘Boletim Focus’, elaborado a partir de pesquisas macroeconômicas realizadas por diversas instituições, tais como bancos, consultorias, corretoras”.
O ICL (Instituto Conhecimento Liberta) também entrou com pedido de LAI (Lei de Acesso à Informação) para averiguar os detalhes das projeções dos analistas consultados para a publicação.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias