Bolsas em queda após discurso de Jerome Powell indicam permanência de rumo agressivo na política monetária

No encontro, Powell disse que a economia norte-americana precisará de uma política monetária apertada “por algum tempo” na tentativa de controlar a inflação.
29 de agosto de 2022

Bolsas em queda depois do discurso do presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, na última sexta-feira (26), que deixou o humor dos mercados mais azedo nesta segunda-feira (29). Tanto as bolsas europeias quanto os índices futuros dos EUA estão em trajetória descendente, assim como as asiáticas, que também fecharam em baixa nesta manhã.

Na sexta-feira passada, na reunião de bancos centrais em Jackson Hole (EUA), Powell fez um discurso mais contundente ao reafirmar o compromisso da autoridade monetária em relação ao controle da inflação. Na visão de analistas, o tom do discurso indica que, na reunião de setembro, o Fed deve manter o ciclo agressivo de alta em 75 pontos-base para controlar a inflação norte-americana, que bate recordes históricos.

No encontro, Powell disse que a economia norte-americana precisará de uma política monetária apertada “por algum tempo” na tentativa de controlar a inflação. No entanto, ele não deu indicação do tamanho das altas de juros nas próximas reuniões do colegiado. A impressão dos analistas pode ser confirmada nesta segunda-feira, quando é a vez de o vice-presidente do Federal Reserve, Lael Brainard, discursar.

Os investidores também estarão de olho, ao longo desta semana, na divulgação de importantes indicadores da economia americana, com destaque para os números do mercado de trabalho americano. O Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgará, na sexta-feira (2), o payroll. A média das projeções do mercado aponta para a criação de 285 mil vagas de emprego em agosto, quase metade do registrado um mês antes. A taxa de desemprego deve permanecer em 3,5%. Já a média de salários deve aumentar em 0,4% na comparação com o mês anterior.

Brasil

O Ibovespa fechou o pregão de sexta-feira (26) em queda, depois do discurso do presidente do Federal Reserve (o BC dos EUA), Jerome Powell, no fórum anual do órgão em Jackson Hole. O principal índice da bolsa brasileira recuou 1,09%, a 112.299 pontos, mas conseguiu fechar a semana no verde, com alta de 0,73%

Segundo analistas do mercado financeiro, o foco dos investidores segue na crise energética na Europa, nos sinais de desaceleração da economia chinesa e nas expectativas sobre as taxas de juros dos Estados Unidos.

O dólar caiu 0,67% nesta sexta, cotado R$ 5,077 na compra e a R$ 5,078 na venda.

Europa

Os mercados europeus também operam no vermelho nesta segunda-feira repercutindo o discurso do presidente do Fed, que deu indicações da permanência do aperto monetário mais agressivo por mais tempo.

O discurso de Powell reverberou na Europa na voz da membro do conselho do Banco Central Europeu, Isabel Schnabel, no fim de semana. Ela reafirmou a visão de que os bancos centrais devem agir agressivamente para combater a inflação crescente, mesmo que isso signifique arrastar suas economias para uma recessão.

Os mercados do Reino Unido estão fechados na segunda-feira devido a um feriado bancário.

FTSE 100 (Reino Unido), fechado por feriado
DAX (Alemanha), -1,22%
CAC 40 (França), -1,71%
FTSE MIB (Itália), -0,99%

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA operam no vermelho nesta segunda-feira, também como reflexo do discurso do presidente do Fed, que jogou uma pá de cal nas expectativas de que o banco central mude seu curso agressivo de aumentos de taxas nos próximos meses. No encontro, Powell disse que a decisão do Fed, na reunião de setembro, dependerá da totalidade dos dados recebidos e da evolução das perspectivas.

Dow Jones Futuro (EUA), -0,76%
S&P 500 Futuro (EUA), -0,91%
Nasdaq Futuro (EUA), -1,21%

Ásia

Os mercados asiáticos fecharam com perdas em sua maioria, também no ambiente azedo após o discurso de Powell. O Nikkei, do Japão, caiu 2,66% e registrou a maior perda da região. O iene japonês continuou a se enfraquecer fortemente em relação ao dólar.

A moeda vem enfraquecendo em relação ao dólar à medida que a política monetária nos dois países diverge, com a moeda americana impulsionada por taxas mais altas.

Shanghai SE (China), +0,14%
Nikkei (Japão), -2,66%
Hang Seng Index (Hong Kong), -0,73%
Kospi (Coreia do Sul), -1,95%

Petróleo

As cotações do petróleo operam com leves ganhos na sessão de hoje, enquanto investidores equilibram as expectativas de que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) cortará a produção para apoiar os preços, contra as preocupações provocadas pelo presidente do Fed dizendo que os EUA enfrentarão um crescimento lento “por algum tempo”.

Petróleo WTI, +0,39%, a US$ 93,42 o barril
Petróleo Brent, +0,16%, a US$ 101,15 o barril

Agenda

Nos EUA, os olhos estarão voltados ao discurso da vice-presidente do Federal Reserve, Lael Brainard, à procura de novos indícios sobre a atuação do Fed.

Por aqui, no Brasil, no campo político, o debate dos presidenciáveis ontem (28) na TV Bandeirantes deve repercutir ao longo da segunda-feira. Já no âmbito econômico, a agenda desta semana começa com a divulgação dos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que deveriam ter saído na semana passada. Além disso, serão divulgados o índice de confiança da indústria de agosto e o Relatório Focus semanal.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

 

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