Bolsas e índices futuros em baixa após divulgação do relatório JOLTS e aversão a riscos com pressão dos títulos do Tesouro dos EUA

A destituição histórica do republicano Kevin McCarthy do cargo de presidente da Câmara também está pesando no humor dos investidores, nesta 4ª feira.
4 de outubro de 2023

A maioria dos mercados mundiais e os índices futuros dos Estados Unidos estão operando no campo negativo, nesta manhã de quarta-feira (4), com vários assuntos no radar dos investidores. Pesam no humor os dados do relatório JOLTS, que mostraram um mercado de trabalho mais aquecido que o esperado; os rendimentos dos títulos do Tesouro nos EUA de 10 anos e de 2 anos, que renovaram máximas e refletem a aversão ao risco global que ainda persiste; e a destituição histórica do republicano Kevin McCarthy do cargo de presidente da Câmara.

Esse conjunto de dados fez subir as apostas de que o Fed (Federal Reserve) deve voltar a focar em um ritmo de aperto monetário mais elevado, uma vez que a economia dos Estados Unidos se mostra aquecida e, portanto, com riscos de inflação mais alta. Os juros altos são o remédio utilizado pelos bancos centrais para controlar os índices inflacionários.

O nervosismo dos mercados nos últimos dias reflete a liquidação de títulos do Tesouro dos Estados Unidos, que se estende pelo terceiro dia consecutivo, com o prêmio de risco dos bônus a 30 anos batendo os 5% pela primeira vez desde 2007 e respingando em outros ativos.

No campo político, a destituição de McCarthy da Presidência da Câmara tem potencial para afetar a classificação de crédito soberano dos EUA. A saída de McCarthy em um momento delicado, com o risco de paralisação do governo ainda no ar, pode desencadear um surto de incerteza política em Washington em questões como as despesas federais.

Agora, a expectativa dos investidores é de que os juros dos EUA possam superar os patamares atuais, os maiores em 22 anos. Os prêmios dos títulos do Tesouro de 10 anos parecem também querer romper a barreira dos 5%. O índice de ações MSCI de todos os países registrou a pior baixa em seis meses.

Esse sentimento tem tido reflexos também na Europa e na Ásia. O prêmio dos títulos de referência da Alemanha ultrapassou os 3% pela primeira vez em mais de uma década. No Japão, a taxa dos bônus a 10 anos do governo subiu para níveis que não eram vistos desde agosto de 2013, a 0,8%.

Por aqui, saem hoje os dados de setembro de antecedente de emprego e do PMI do setor de serviços, e os números semanais do fluxo cambial.

Brasil

Pelo segundo dia consecutivo, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores, fechou o pregão em queda. Na terça-feira (3), o indicador caiu 1,42%, aos 113.419 pontos.

De acordo com analistas, o índice da Bolsa brasileira acompanhou o mercado de Nova York, após o relatório JOLTS, com dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, ter vindo mais forte do que o esperado. O resultado abre espaço para a possibilidade de nova elevação dos juros pelo Fed (Federal Reserve) na próxima reunião, que acontece em novembro.

O relatório JOLTS apontou a abertura de 9,6 milhões de postos de trabalho nos EUA em agosto. O dado veio acima das expectativa de criação de 8,9 milhões de empregos no período.

Nas negociações do dia, o dólar encerrou a sessão a R$ 5,1543, com alta de 1,73% no mercado à vista.

Europa

As bolsas da Europa iniciaram o dia em leve queda, confirmando o sentimento negativo que se instaurou desde o início da semana.

Nesta quarta-feira (4), estão no radar dos investidores as divulgações dos dados de PMI de Alemanha, Reino Unido, França e da zona do euro. Este último também divulga os números de vendas do varejo e de preços ao produtor.

FTSE 100 (Reino Unido), +0,15%
DAX (Alemanha), -0,12%
CAC 40 (França), +0,13%
FTSE MIB (Itália), -0,11%
STOXX 600, -0,01%

Estados Unidos

Os índices futuros dos Estados Unidos continuam operando em baixa hoje, repetindo o movimento de ontem. O Dow Jones recuou 1,3% na sessão e chegou ao território negativo em 2023, com perda de 0,4%. O S&P 500 sobe mais de 10% no ano, assim como o Nasdaq, que avança mais de 24%.

O desempenho do Dow Jones se relaciona diretamente com as expectativas de aumento na taxa de juros nos EUA, após divulgação de dados do mercado de trabalho superiores ao esperado.

Dow Jones Futuro (EUA), -0,04%
S&P 500 Futuro (EUA), -0,16%
Nasdaq Futuro (EUA), -0,3%

Ásia-Pacífico

As bolsas asiáticas fecharam o dia em queda, repercutindo a alta do rendimento do Treasury de 10 anos dos EUA, que chegou a seu maior nível em 16 anos.

A bolsa de Shangai segue fechada pelo feriado da Semana Dourada.

Shanghai SE (China), fechado por feriado
Nikkei (Japão), -2,28%
Hang Seng Index (Hong Kong), -0,78%
Kospi (Coreia do Sul), -2,41%
ASX 200 (Austrália), -0,77%

Petróleo

Os preços do petróleo operam com leve queda, na expectativa de repercussões do encontro da Opep+ que está marcado para hoje. Na semana encerrada no dia 29 de setembro, os estoques de petróleo dos EUA recuaram 4,2 milhões de barris, de acordo com o American Petroleum Institute.

Petróleo WTI, -0.71%, a US$ 88,60 o barril
Petróleo Brent, -0,6%, a US$ 90,36 o barril

Agenda

Nos Estados Unidos, serão divulgados hoje os dados de emprego privado (ADP) de setembro, com projeção Refinitiv de criação de 153 mil vagas, além do PMI de serviços e encomendas à indústria.

Por aqui, no Brasil, no campo político-econômico, o parecer do projeto de lei que prevê a tributação de fundos de alta renda poderá trazer uma solução intermediária para a proposta de extinguir os juros sobre capital próprio (JCP), disse ontem (3) o relator da proposta na Câmara dos Deputados, Pedro Paulo (PSD-RJ). Após se reunir com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o parlamentar disse buscar um “meio-termo” com a equipe econômica. Na seara econômica, serão apresentados hoje os dados de setembro de antecedente de emprego e de PMI do setor de serviços, e os números semanais do fluxo cambial.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do InfoMoney e Bloomberg

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