Medidas do governo Bolsonaro para controle da inflação são ineficazes

Bolsonaro e sua equipe econômica se refutam de responsabilidade e consumidores sofrem no bolso as altas dos preços
17 de maio de 2022

Com índices mais altos das últimas décadas, o controle da inflação no governo Bolsonaro tem se mostrado totalmente ineficaz. Os aumentos nos preços dos alimentos, contas de energia elétrica, gás de cozinha, combustíveis e aluguel fazem o consumidor sentir cada vez mais a desvalorização do seu poder de compra. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi 1,06% em abril e, em doze meses, já acumula 12,13%.

A avaliação entre economistas é que o governo Bolsonaro tem tomado medidas que não trazem alívio ao bolso do consumidor, apenas rendem algum dividendo eleitoral, com vistas ao seu projeto de reeleição. São os casos dos cortes e desonerações de tributos, resgate do FGTS e antecipação do 13º salário.

As desonerações tributárias, por exemplo, sobre diesel, produtos industrializados (com o corte do IPI) e a redução de imposto de importação de etanol e alguns insumos e alimentos nem sempre chegam ao preço final e, quando chegam, podem levar a um aumento de demanda, o que pressiona os preços em um segundo momento.

Para André Braz, coordenador do índice de preços ao consumidor do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a primeira redução de IPI não resultou em desaceleração da inflação, e alguns produtos, como o carro zero, continuaram a subir de preço.

“É o governo tentando marcar uma posição. Ganha voto, ganha popularidade, mas o efeito prático não acredito que a gente vá colher,” afirmou Braz em entrevista para a Folha de São Paulo.

Aumento da taxa de juros continua com único “remédio” para controle da inflação

Os economistas André Campedelli e Deborah Magagna, do Boletim Economia para Todos Investidor Mestre, explicam que o governo Bolsonaro se refuta de sua responsabilidade no controle da inflação e tenta culpar variáveis de conjuntura internacional.

O governo usa da justificativa que não pode fazer nada além de elevar os juros, melhorar as contas públicas e esperar passar os choques temporários de custo. Porém, isto não é completamente verdade, como explicam os economistas: “o governo poderia já ter tomado algumas atitudes para minimizar a situação e, para piorar, a alta dos alimentos e combustíveis é resultado direto das políticas que se iniciaram com Temer e se aprofundaram com a dupla Guedes e Bolsonaro”.

A única atitude para o controle da inflação tem sido a alta da taxa de juros, que traz consequências muito negativas para a população. Os economistas do ICL explicam que o aumento da taxa de juros é “mais um empecilho para o crescimento econômico, que debilita ainda mais a já frágil atividade econômica brasileira”. A medida faz com que juros fiquem mais altos, dificultando o crédito para empresas investirem em expansões ou novas fábricas. Com o desestímulo ao consumo, as empresas também adiam expansões e contratações, impactando nos números do desemprego.

A justificativa dada pelo Banco Central é de que a alta da taxa básica de juro é uma importante iniciativa para o combate inflacionário. Na avaliação de Campedelli, a afirmação não é completamente verdadeira pelo motivo de a inflação estar relacionada aos custos de produção e não ao excesso de demanda econômica. “A alta da taxa de juro vai reduzir a atividade econômica do país e, talvez, aumentar a entrada de dívidas estrangeiras no Brasil. O efeito disso, para o controle inflacionário, deve ser muito baixo”, diz Campedelli.

Na questão dos alimentos, Campedelli e Managna ressaltam que a crise climática que o país vive, com altas temperaturas e poucas chuvas que prejudicam as plantações, são em grande parte fruto do aumento da destruição do meio ambiente brasileiro, que se intensificou no governo Bolsonaro. “O governo Bolsonaro pouco fez para amenizar a destruição ambiental, como as queimadas na Amazônia e no Pantanal. Pelo contrário, promoveu retrocessos na área, com a redução de fiscalização e aumento da influência de garimpeiros e ruralistas em zonas de proteção ambiental”, destacam.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

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