O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar sobre privatizar a Petrobras em entrevista ao SBT, nesta quarta (16). Ele afirmou que a Petrobras “não colabora com nada” e que, por ele, a empresa estatal “poderia ser privatizada hoje”.
Bolsonaro tem feito críticas à Petrobras em meio aos reajustes nos preços dos combustíveis e, para seguir sua agenda de entrega do patrimônio nacional, na entrevista tentou vincular a alta dos preços dos combustíveis ao discurso vazio de corrupção e do endividamento da estatal em governos passados.
“Muita gente me critica, como se eu tivesse poderes sobre a Petrobras, não tenho poderes sobre a Petrobras. Para mim, é uma empresa que poderia ser privatizada hoje, ficaria livre deste problema. E a Petrobras se transformou na Petrobras Futebol Clube, onde o clubinho lá de dentro só pensa neles, jamais pensam no Brasil”, acrescentou o presidente em entrevista ao SBT.
O presidente mais uma vez se coloca como vítima de uma situação da qual ele tem poder para agir. A União é a maior acionária da Petrobras e Bolsonaro, desde que assumiu o governo, já indicou oito dos 11 membros do Conselho de Administração e Fiscal da empresa, colegiado responsável por todas as definições. Analistas econômicos explicam que, neste momento de crise econômica internacional com a alta do preço do barril do petróleo, seria justamente o momento da estatal servir o país ao invés de distribuir dividendos recordes aos seus acionistas.
Venda de ativos não estimulou a concorrência
Desde 2015, a estatal já vendeu R$ 243,7 bilhões em ativos, por meio de 68 transações. A maioria das vendas foi realizada durante a gestão de Jair Bolsonaro. Em entrevista a RBA, o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social da Petrobras, explicou que o desmonte não estimulou a concorrência, aumentou oligopólios e prejudicou a população brasileira com a elevação de preços dos combustíveis.
Entre as vendas estão a distribuidora de combustíveis BR, polos de gás, gasodutos do Norte e Nordeste, além de campos de exploração de petróleo. O ano de 2020 foi o que registrou o maior número de vendas da Petrobras, com a estatal se desfazendo de 23 bens e participações acionárias que somaram R$ 52,8 bilhões. De acordo com o especialista, um dos exemplos mais problemáticos foi a privatização da refinaria Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, por R$ 10 bilhões, entregue a um fundo financeiro árabe.
Redação ICL Economia