A América Latina – em especial, Brasil, Chile e Colômbia – começa a sofrer o efeito negativo por conta da queda nas commodities, que leva à desvalorização das moedas regionais, pressionando os chamados termos de troca — razão entre preços de exportação e importação —, sugerindo declínio no fluxo de dólares.
Muitos países da região são exportadores líquidos de matérias-primas e, por isso, tiveram impulso com o “boom” dos preços de produtos básicos por causa da guerra da Ucrânia, iniciada no fim de fevereiro. Mas, nas últimas semanas, as commodities entraram em rota descendente, à medida que aumentaram temores de demanda diante de riscos elevados de recessão global.
Somam-se a isso a menor oferta da moeda americana devido ao encarecimento do custo do dólar, conforme os Estados Unidos elevam os juros de forma expressiva e contínua; e a desaceleração chinesa, principal compradora dos insumos vendidos pela América Latina.
“Como tal, não é de surpreender que (as moedas de) países com grande exposição ao fator oferta de commodities — nomeadamente Chile, Colômbia e Brasil — tenham experimentado as perdas mais expressivas, mesmo com um retorno significativo ajustado à volatilidade”, explicam os analistas do Bank of America Claudio Irigoyen e Christian Gonzalez Rojas, em reportagem da Folha de S. Paulo.
A visão deles é ainda de que uma recessão global deve significar que a América Latina provavelmente continuará com desempenho inferior com as commodities.
Queda nas commodities versus desvalorização cambial
Desde o fim de maio, quando as commodities começaram a cair, as baixas das moedas e das ações latino-americanas são ainda mais acentuadas. Grande parte da desvalorização cambial é resultado de liquidações nos preços do cobre e do petróleo, entre outras importantes matérias-primas, em meio a um cenário de ampla força do dólar.
As moedas da Colômbia e do Chile caíram a mínimas recordes recentemente, e o real está no menor valor em seis meses. Apenas em julho, o dólar sobe 7,5% ante o peso colombiano, 5,1% frente ao real e 3,8% contra o peso chileno.
Para analistas do mercado, a depreciação das moedas latino-americanas não deve parar, pelo menos no curto prazo, mesmo após as divisas de Chile, Colômbia e Brasil registrarem os piores desempenhos nos meses recentes.
Eles também avaliam que, além de elevar as taxas de juros para defender o valor de suas moedas, os bancos centrais da América Latina podem recorrer a outros mecanismos. Exemplo disso é o programa de intervenção cambial do banco central chileno, no valor de US$ 25 bilhões (R$ 135,3 bilhões).
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S. Paulo e agências