Dois indicadores internacionais, divulgados nesta quarta (4), colocam o Brasil encabeçando os rankings de inflação e taxa de juros, e traz à tona a difícil fase da economia que o nosso país vive.
No caso da inflação, relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que o índice acumulado em 12 meses no Brasil é o maior do G20 – grupo dos países mais ricos –, atrás apenas da Turquia e da Argentina. O resultado nacional é constatado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que atingiu 11,3% no acumulado em 12 meses até março.
Nos países da OCDE, que inclui todas economias desenvolvidas e algumas emergentes, a inflação em 12 meses atingiu 8,8% em março, ante 7,8% em fevereiro – nível mais alto desde outubro de 1988. No grupo G20, a taxa ficou em 7,9%, contra 6,8% no mês anterior. No G7, passou para 7,1%, vindo de 6,3%.
No Brasil, um dos itens que mais pesam para o aumento da inflação são os alimentos, como explica o economista Eduardo Moreira, fundador do ICL. “Se olharmos dentro da média da inflação, o pior componente é o grupo de alimentos, justamente no Brasil, um dos maiores produtores de alimento do mundo. Tem países que não têm o que fazer, que importam quase tudo o que comem, mas o Brasil é diferente, produz quase tudo o que poderia comer, só que acaba exportando grande parte de sua produção”, afirma. Em março, o IPCA constatou aumento no setor de Alimentação e Bebidas, com 2,42%
A maior taxa de juros ao ano
Com relação a taxa de juros, a lista mundial com 40 países, compilada portal MoneYou e pela gestora Infinity Asset Management, mostra que o Brasil é o país com a maior taxa de juros ao ano, descontada a projeção de inflação.
Até fevereiro deste ano, o Brasil estava no topo do ranking. Em março, foi ultrapassado pela Rússia, após o forte aumento de juros no país em meio à guerra na Ucrânia. Porém, como o banco central russo cortou a taxa de 20% para 14% ao ano, o Brasil voltou ao topo da lista. Além disso, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central aumentou a taxa básica de 11,75% para 12,75% ao ano nesta quarta-feira (4), ajudando a consolidar a posição do Brasil no ranking.
Segundo o levantamento, o Brasil tem uma taxa de juros real de 6,69% ao ano. Para se chegar a esse número, é considerada a taxa do depósito interbancário (DI) de um ano, vencimento em maio de 2023, e a inflação projetada para os próximos 12 meses na pesquisa Focus do BC.
O segundo colocado no ranking é a Colômbia (juro real de 3,86% ao ano), seguida por México (3,59% ao ano), Indonésia (2,39% ao ano), Chile (1,84% ao ano) e Rússia (1,36% ao ano).
Em termos nominais, o Brasil está na quarta posição do ranking, atrás de Argentina (47% ao ano), Rússia (14% ao ano) e Turquia (14% ao ano).
Redação ICL Economia
Com informações das agências