Governo brasileiro suspende exportação de carne bovina à China após caso de mal da vaca louca no PA

Suspensão está prevista em protocolo estabelecido em 2015 entre Brasil e China, o qual estabelece um autoembargo nas vendas à China quando houver nova ocorrência da doença. Em 2021, dois casos fizeram o Brasil suspender exportações de carne à China por cem dias
23 de fevereiro de 2023

Após a confirmação de um caso do mal da vaca louca em um animal em Marabá, no Pará, o governo brasileiro suspendeu, de modo temporário, as exportações de carne bovina para a China, o maior comprador de carne animal do Brasil, movimentando cerca de US$ 7,98 bilhões (R$ 41 bilhões) por ano. A suspensão segue um protocolo estabelecido em 2015 entre os dois países, o qual estabelece um autoembargo nas vendas à China quando houver nova ocorrência da doença.

Nota divulgada pelo Ministério da Agricultura diz: “Seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China serão temporariamente suspensas a partir desta quinta-feira (23). No entanto, o diálogo com as autoridades está sendo intensificado para demonstrar todas as informações e o pronto restabelecimento do comércio da carne brasileira”.

Ontem (22), o titular da pasta, Carlos Fávaro, afirmou que tudo indica que o caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), popularmente conhecido como mal da vaca louca, seja atípico, ou seja, foi desenvolvido durante o processo degenerativo do animal, comum em bovinos mais velhos. Em entrevista ao canal de notícias CNN, ele disse que “a experiência dos nossos técnicos na avaliação, a rotina onde o animal era criado, sem consumo de rações […] tudo isso permite dizer que a probabilidade é muito grande de que seja atípica”.

O ministro enfatizou que, nessas condições, não há risco para a população comer carne bovina, uma vez que os casos atípicos não são transmissíveis. Mas ele salientou que o Brasil espera contraprova realizada por um laboratório do Canadá, uma vez que o Brasil não possui a tecnologia para verificação da tipologia da doença, para confirmar se se trata de caso atípico mesmo. “A suspensão que o Brasil tem protocolarmente que fazer das exportações à China é meramente formalidade […] Quero crer, e é uma convicção minha, que antes da visita do presidente Lula à China no final do mês de março, que ainda está para ser confirmada, nós já tenhamos esse caso solucionado”, frisou o ministro.

Depois da China, os maiores compradores de carne bovina são Brasil são, respectivamente, EUA (US$ 991 milhões), Chile (US$ 396 milhões), Egito (US$ 370 mi) e Hong Kong (US$ 333 milhões).

Há dois anos, dois casos de vaca louca forçaram o Brasil a suspender exportações de carne bovina para a China por cem dias

Nesta quinta-feira, Fávaro recebeu o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, para prestar todos os esclarecimentos sobre o trabalho que está sendo desenvolvido pelo governo brasileiro para monitorar o caso.

“O governo do Brasil preza muito pelo respeito aos países parceiros. Queremos continuar garantindo o suprimento de produtos de alta qualidade e sabemos das nossas obrigações e deveres, fazendo isso com total transparência, determinação e agilidade”, explicou o ministro, conforme publicado na página oficial do Ministério da Agricultura.

O embaixador chinês destacou que aprecia o fato do Brasil ter cumprido prontamente o protocolo sanitário e reforçou a intenção de promover a cooperação agrícola entre os países, tendo em vista que o comércio da carne bovina brasileira é muito importante para ambos. A China é o principal destino das exportações e, da mesma forma, a proteína do Brasil é o principal mercado para os consumidores chineses.

Em 2021, o Brasil ficou cem dias sem exportar carne para a China devido a dois casos atípicos da doença registrados em Nova Canaã do Norte (MT) e em Belo Horizonte (MG).

O protocolo indica que, quando as exportações são suspensas por esse motivo, o Ministério da Agricultura tem de enviar dados às autoridades chinesas para que a situação de risco seja analisada e as vendas possam ser retomadas. Esse processo pode ser demorado.

No caso do Pará, o Ministério da Agricultura disse que o animal identificado com a doença tinha 9 anos e estava em uma pequena propriedade. “O animal, criado em pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça incinerada no local. O serviço veterinário oficial brasileiro está realizando a investigação epidemiológica que poderá ser continuada ou encerrada de acordo com o resultado”, afirmou o ministério.

O resultado positivo da doença foi informado pela Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará). A propriedade onde estava o animal doente está sendo vistoriada.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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