Brasileiro com dinheiro na poupança é penalizado com alta do juro

Com juro alto, a tendência é que os consumidores, com menos recursos, tenham dificuldades para conseguir crédito e pagar dívidas
6 de maio de 2022

Na quarta-feira (4), houve o aumento da taxa básica de juro Selic, de 11,75% para 12,75% ao ano no Brasil. Esse cenário penaliza que tem dinheiro na poupança, conforme explica o economista e fundador do ICL, Eduardo Moreira. Ele afirma que dois terços do dinheiro dos brasileiros estão na caderneta da poupança. Somada, a quantia fica em torno de um trilhão e meio de reais. E é exatamente essa fatia da população que será penalizada com o aumento da taxa de juro. 

Segundo Moreira, antes da alta da Selic, a caderneta de poupança estava rendendo 6,17% ao ano. Com o aumento do juro para 12,75% ao ano, a poupança continua com o mesmo rendimento de 4 meses, 6 meses atrás.

“Por volta de 77% dos brasileiros têm alguma dívida vencendo ao longo dos próximos meses e ao longo das próximas semanas. Essa dívida não para de subir porque boa parte dela é pós fixada, acompanhando a alta da taxa de juro Selic”, diz. “A dívida vai aumentando à medida que o juro sobe”, completa o economista.

Mas, para o dinheiro na poupança, há uma regra. Se a Selic subir muito, é determinado um teto para a caderneta de poupança render. Seria 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR).

“Na prática, a alta da taxa Selic só impacta a vida do brasileiro com dinheiro na poupança, dos mais pobres que conseguem poupar alguma coisa. O rendimento com a alta da Selic fica mesmo com bancos e corretoras que investem um trilhão e meio de reais. E, ao mesmo tempo, cobram 1.000% ao ano no empréstimo do crédito pessoal”, explica Moreira.

A tendência é de que os consumidores, com menos recursos, tenham dificuldades para as despesas com alimentação, transporte e também para quitar dívidas, principalmente pela dificuldade em conseguir crédito e parcelamentos. No caso de pessoas que já têm dívidas, fica ainda mais difícil quitar os débitos. No momento, mais de mais de 70% dos brasileiros têm alguma dívida, de acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência.

As poucas pessoas beneficiadas por essa movimentação são as que aplicam em renda fixa. Com a Selic fixada em 12,75%, as aplicações como o Tesouro Selic sofrem uma valorização, assim como os fundos multimercados, que permitem que o gestor aplique em diferentes classes de ativos, como renda fixa e variável.

Estimativas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) dizem que as aplicações nesses fundos, em alguns casos, chegam a ter desempenho melhor que a poupança até com taxa de 3% ao ano.

Mas esse tipo de investimento ainda não faz parte da realidade da maior parte da população brasileira. Poucos são os que conseguem poupar e, segundo pesquisa realizada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), a caderneta de poupança foi a aplicação mais citada espontaneamente (23%) e a mais presente entre as pessoas da classe A/B (34%), seguidas das da C (23%) e as da D/E (14%).

 

Redação ICL Economia
Com informações do Portal ICL e agências de notícias

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