Brigas de Elon Musk no X causam prejuízo na Tesla, com ações despencando

Bilionário, que vem atacando instituições brasileiras, é criticado por condução na montadora de carros elétricos. Companhia registra queda de vendas e lucros e anunciou maior corte de funcionários dos últimos anos.
24 de abril de 2024

A Tesla, a fabricante norte-americana de carros elétricos, divulgou seus resultados financeiros do primeiro trimestre de 2024, registrando um lucro líquido de US$ 1,13 bilhão. Este valor representa uma queda de 55% em comparação ao mesmo período de 2022, informa o Metrópoles. O lucro por ação também caiu de US$ 0,73 para US$ 0,34, ficando abaixo das expectativas do mercado, que previa US$ 0,42.

A empresa pertence ao bilionário de extrema direita Elon Musk. Segundo o índice de bilionários da Bloomberg, Musk é a quarta pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 166 bilhões, mas perdeu US$ 62,9 bilhões apenas neste ano, sendo a Tesla uma das responsáveis por essa queda.

De acordo com o balanço da empresa, a receita total da companhia caiu 9% no primeiro trimestre, chegando a US$ 21,3 bilhões, enquanto o mercado esperava US$ 22,2 bilhões. As despesas operacionais subiram 37% entre janeiro e março, alcançando US$ 2,52 bilhões.

As vendas do segmento automotivo caíram 13%, para US$ 17,38 bilhões. A produção total diminuiu 2% entre janeiro e março, para 433,4 mil carros. Em uma carta aos acionistas, a Tesla observou que as vendas globais de elétricos estão “sob pressão”, pois a preferência tem sido dada a modelos híbridos.

Relatório aponta articulação de Musk com lideranças da extrema-direita de todo o mundo como um dos fatores do declínio da Tesla

Um relatório de analistas do Bank of America (BofA) aponta que o declínio é impulsionado por uma série de fatores. Entre eles, a condução de seu CEO, que estaria se dedicando mais à gestão da rede X, do Space X – voltada ao lançamento de foguetes e serviços de transporte espacial –, e as brigas em articulação com lideranças da extrema-direita de todo mundo. Recentemente, Musk passou a ser um dos investigados pela Polícia Federal no inquérito das milícias digitais após ameaçar reativar perfis bloqueados judicialmente.

Desde então, o bilionário tem feito uma série de críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao governo brasileiro a partir de fake news e em articulação com parlamentares bolsonaristas. Ao mesmo tempo, vem sendo reprovado pela lentidão da Tesla em inovar. O último modelo novo que a empresa lançou chegou ao mercado em 2019, o chamado Cybertruck. Há seis anos, a montadora não apresenta nenhuma novidade na área. E cada vez mais, a demanda do consumidor diminui.

Segundo o relatório, os números de entrega da Tesla foram decepcionantes – 13% abaixo do esperado. Houve crescimento de estoque e provável sucateamento do Model 2 – o modelo mais barato. Nos primeiros três meses do ano, a montadora com sede em Austin, no Texas, entregou 387 mil carros mundialmente. O que representa uma queda de 8,5% em relação a janeiro, fevereiro e março do ano passado.

Os números da empresa de Elon Musk também não refletem o crescimento do mercado de carros elétricos. Ao contrário, em outras montadoras, os lucros crescem. A Ford, por exemplo, vendeu 20.223 veículos elétricos nos primeiros três meses do ano, alta de 86%. A BMW também entregou mundialmente 82.700 unidades BMW, Mini e Rolls-Royce totalmente elétricas aos clientes de janeiro a março. Um aumento de vendas de 28% em relação ao mesmo período do ano anterior. A concorrência tem sido mais forte principalmente com as empresas chinesas, como a BYD.

Maior demissão

A empresa, por outro lado, também anunciou que irá demitir 10% dos funcionários. Esse é o maior corte dos últimos anos. A marca sob o comando de Musk já demitiu 2% de seu quadro de funcionários em 2017, 9% em 2018, 7% em 2019 e cerca de 3% em 2022.

Os acionistas da empresa se preparam para o pior balanço trimestral em sete anos da montadora. A divulgação dos resultados financeiros está prevista para o final da tarde desta terça-feira (23). Em paralelo, contudo, a companhia está se aproveitando de uma brecha na legislação corporativa dos EUA para tentar restabelecer a remuneração de US$ 56 bilhões de Elon Musk. A fabricante de veículos elétricos propôs, no último dia 16, submeter o acordo salarial à votação dos acionistas, embora uma juíza do estado de Delaware o tenha anulado em janeiro.

Anúncios e Elon Musk

Na época, a magistrada descreveu os diretores da Tesla como “servos passivos de um mestre arrogante”. E afirmou que eles não haviam cuidado dos melhores interesses dos investidores. Ainda na semana passada, a montadora comunicou que começa a considerar uma reviravolta no modelo de negócio. A declaração foi feita logo depois de Musk dizer que focar na automação seria “uma jogada óbvia” e que lançaria em agosto um táxi autônomo.

Ao priorizar a automação dos serviços e não a venda de carros, a Tesla deixaria de competir diretamente com a chinesa BYD – sua maior rival hoje – e passaria a duelar com companhias como Waymo, que pertence à dona do Google, e Zoox. Os táxis autônomos, porém, têm enfrentado resistências em cidades nos EUA por conta de diversas falhas operacionais.

Com informações do Brasil 247, do Metrópoles e da Rede Brasil Atual

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