A Caixa Econômica Federal lançou, na última segunda-feira (16), a campanha “Tá na Caixa”, que envolve um investimento de R$ 4,8 bilhões em um pacote digital para incrementar a sua parte tecnológica, alvo de reclamações de clientes. Há dez anos sem trocar um computador em suas agências, o foco do banco público são a valorização do atendimento e a tecnologia como estratégia.
Além de atacar a imagem de banco pouco digital e lento em diversas situações, o pacote de investimentos em tecnologia para a transformação digital também será destinado à contratação de funcionários.
A estratégia de investimento e mudança na imagem do banco chega em um momento em que a instituição financeira é alvo da cobiça do Centrão, grupo político do Congresso liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que reivindica mais espaço no governo Lula em troca de aprovação de projetos importantes. Nessa queda de braço, o grupo já levou os Ministérios do Esporte e dos Portos e Aeroportos.
No ano que vem, a direção do banco pretende abrir um plano de demissão voluntária (PDV) e a abertura de ao menos dois concursos públicos para renovação de seu quadro, com foco especial na contratação de trabalhadores para a área tecnológica, que foi terceirizada nos últimos anos.
A presidenta do banco, Rita Serrano, espera que, com o investimento, a satisfação do cliente com o banco público também aumente.
“A falta de investimento e de foco no cliente nos últimos anos gerou muitas reclamações, até porque nós temos um público diferenciado e queremos garantir essa excelência para todos os clientes”, disse Rita ao Estadão/Broadcast.
De acordo com ela, a instituição não troca computadores e equipamentos das agências há dez anos. No ano passado, foram investidos apenas 20% do orçamento em tecnologia, o que acaba deixando o banco público para trás diante de seus concorrentes. “Não era prioridade, e havia uma rotatividade grande nos cargos de direção”, disse.
Ainda assim, a Caixa possui 150,4 milhões de clientes – o que faz da instituição a maior do país em clientela – e o quarto maior em ativos, com R$ 1,725 trilhão em junho, número que exclui fundos geridos pelo conglomerado, como o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
O volume de investimentos, segundo Rita Serrano, serão destinados à compra de 80 mil novos equipamentos para os funcionários; 10 mil novos terminais financeiros para as lotéricas; servidores e equipamentos para as redes de telecomunicações e para os data centers do banco; além de sistemas especializados e capacidade de processamento em nuvem.
Caixa Econômica Federal terá “Dia D” nesta quarta-feira (18), com abertura de agências uma hora mais cedo
Como parte da estratégia de melhorar o atendimento do banco, as agências da Caixa vão abrir uma hora mais cedo em todo o país, nesta quarta-feira (18), para dar orientações sobre a nova fase do programa Desenrola Brasil, de renegociação de dívidas, e também sobre o Minha Casa Minha Vida, programa habitacional. Os executivos do banco serão deslocados para as unidades.
A mudança de estratégia, segundo Rita Serrano, faz parte do planejamento estratégico do banco, que foi refeito no início do ano, após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu estou cumprindo uma missão para o governo federal. Não tem gestão Rita Serrano, tem gestão do governo federal.”
O pacote de investimentos também inclui nova atualização do Caixa Tem, que tem mais de 41,5 milhões de usuários e é o principal canal digital da Caixa. O aplicativo ganhará, inclusive, uma conta digital voltada a micro e pequenos empreendedores.
Na seara tecnológica, o banco iniciou um projeto paralelo em seu produto de maior demanda, o crédito imobiliário, no qual detém 68% do mercado com uma carteira de R$ 700 bilhões. A instituição iniciou testes com contratos de financiamento imobiliário digitais, e chegou a cerca de 10 mil.
Mas não é só no digital que a Caixa tem investido. Na contramão da concorrência, o banco abriu 32 agências e contratou mil funcionários para reforçar o atendimento, uma demanda dos beneficiários do Bolsa Família e do público do Minha Casa Minha Vida.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e de O Estado de S.Paulo