Presidenta da Caixa atribui queda do lucro líquido em 2022 a aumento de reserva para calotes após subida dos juros

Banco aumentou provisões por conta de programas de microfinanças e Consignado do Auxílio Brasil
27 de março de 2023

A Caixa registrou um lucro líquido de R$ 9,2 bilhões em 2022, lucro líquido contábil de R$ 9,8 bilhões e patrimônio líquido de R$ 122,6 bilhões, o que representa um aumento de 9,9% em 12 meses, de acordo com balanço divulgado na quinta-feira (23) pelo banco.  A queda no lucro líquido é de 43,4% em relação a 2021. Segundo os dados, o saldo na carteira de crédito total foi R$ 1 trilhão, com crescimento de 16,7% sobre 2021, com saldo de R$ 637,9 bilhões na carteira de crédito imobiliário (+ 13,6% ).

Foram registrados R$ 509,8 bilhões em originação de crédito total, com crescimento de 16,6% em relação a 2021; R$ 161,7 bilhões em contratações de crédito imobiliário, representando crescimento de 15% sobre 2021; R$ 91,2 bilhões em contratações de crédito imobiliário linha de crédito do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), com crescimento de 10,1% em comparação a 2021; R$ 70,5 bilhões em contratações de crédito imobiliário FGTS, representando crescimento de 22,2% em comparação a 2021.

Segundo os diretores do banco, as provisões de crédito do banco cresceram quase 40% em 2022 em relação a 2021, o que pressionou a margem de lucro. As provisões são os recursos reservados pelos bancos para se precaverem de calotes nos pagamentos de empréstimos concedidos. Em 2022, a Caixa reservou para provisão de crédito uma quantia de R$ 15,6 bilhões. Em 2021, foram R$ 11,1 bilhões. O aumento da provisão foi causado principalmente pelo programa de microfinanças, que teve uma inadimplência inicial de 80%, e pelo consignado do Auxílio Brasil. A Caixa despejou R$ 447 mi por dia útil em consignado do Auxílio Brasil durante período eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A alta taxa de juro gerou um problema de funding para a Caixa desde 2022, interferindo nos resultados e lucro líquido 

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Crédito: Caixa/Divulgação

A decisão do Copom de manter a taxa básica de juros em 13,75% ano gerou um problema de funding para o banco desde 2022. A Caixa depende de poupança e do fundo de garantia. Com saques na poupança consistentes no ano passado (mais de R$ 100 bilhões no mercado, e R$ 33 bilhões na Caixa), parte disso escoou para outros investimentos com taxa de juros mais alta.

“Temos uma carteira de longo prazo, indexada a custos menores. A Selic aumentou o custo de captação e apertou nossas margens”, declarou o vice-presidente de Finanças e Controladoria da Caixa, Marcos Brasiliano Rosa.

O balanço do banco mostra um saldo de R$ 231,0 bilhões em crédito comercial (17,9% sobre 2021); saldo de R$ 102,5 bilhões em crédito consignado (22,8% ); saldo de R$ 99,3 bilhões em crédito de infraestrutura (5,7% a mais do que em 2021 ); saldo de R$ 44,1 bilhões em crédito ao agronegócio, com crescimento (aumento de 167,5% sobre 2021 ) e mais de R$ 1,2 trilhão em captações totais, com destaque para a poupança, que teve 36,1% de participação de mercado, mantendo a liderança do segmento.

“O ano de 2022 foi bastante complexo e polêmico para a Caixa, porque passamos pela maior crise de reputação dos últimos anos por termos o principal dirigente da instituição acusado de práticas de assédio sexual e moral. Vivemos na gestão anterior um processo de desmantelamento do banco a partir da venda de seus ativos, alta rotatividade de empregados em cargos de direção e descontinuidade nas ações de planejamento do banco e no seu plano orçamentário pela adoção de programas controversos que geraram perdas”, avaliou a presidenta da Caixa, Maria Rita Serrano.

Ela explicou que o lucro líquido maior nos anos anteriores se deveu à venda de ativos, cenário que não deve ser repetido na atual gestão. “Não é nossa pretensão vender ativos do banco, privatizar ou abrir o capital do banco. Nossa pretensão é manter a Caixa como empresa pública rentável, com sustentabilidade e focada no desenvolvimento do país. A partir de 2023 a Caixa volta a ser fundamental como instituição pública para o desenvolvimento do país”, reforçou.

Serrano destacou que entre as ações em andamento para a retomada da força do banco estão revisões dos planos de planejamento estratégico, de negócios e orçamentário. Ela destacou a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida, da sala de atendimento especializado para cidades e estados com a meta de aproximar a Caixa das necessidades locais, já que o banco é o maior investidor dos programas de saneamento, habitação e infraestrutura.

Serrano mandou um recado para os clientes da Caixa ao dizer que o banco é sólido, seguro, no qual pode-se confiar. “E nós sabemos da necessidade de melhorar o atendimento. Todos os esforços serão feitos no sentindo de garantir excelência no atendimento para os clientes e população atendida pelos programas sociais. Esse será nosso objetivo nesses próximos anos”.


Redação ICL Economia
Com informações do G1 e da Agência Brasil

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