Campos Neto é cobrado por presidente da Cosan por aumento da taxa Selic

Empresário teria dito ao presidente do BC que os juros altos estão inibindo os investimentos e que, por conta disso, o país corre o risco de um efeito reverso.
30 de outubro de 2024

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi cobrado pelo empresário Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan, pelo recente aumento da taxa de juros no Brasil, a Selic.

Atualmente, a taxa básica de juros está em 10,75% ao ano, após alta de 0,25 ponto percentual na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central em setembro. Foi o primeiro aumento desde 2022. Na próxima semana, o colegiado se reúne e a expectativa é de que ocorra novo ajuste para cima.

Segundo informações do blog da jornalista Raquel Landim no UOL, a conversa foi presenciada por ela durante o Lide Brazil Conference, fórum realizado pelo site, Folha de S.Paulo e Lide, em Londres, ontem (29).

Ainda de acordo com o blog, Ometto conversou com Campos Netto ao cumprimentá-lo após o fim do painel sobre moeda digital. Ele disse ao presidente do BC que, na sua avaliação, não fazia sentido continuar subindo os juros.

Assim como tem feito o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde o início do mandato, o empresário também argumentou que os juros altos estão inibindo os investimentos e que, por conta disso, o país corre o risco de um efeito reverso.

Pela explicação do empresário, menos investimento reduz a oferta de produtos e gera mais inflação.

Campos Neto respondeu que não acredita nessa hipótese e que o crédito estava fluindo e garantindo os investimentos. Ele se colocou à disposição do empresário para uma conversa mais aprofundada.

Ometto tem uma fortuna estimada em R$ 8,03 bilhões pela revista Forbes e, atualmente, a Cosan vale R$ 22,6 bilhões na Bolsa de Valores brasileira e tem participações na Raízen, que produz combustíveis renováveis e controla a rede de postos Shell, além de outros investimentos.

Campos Neto deve seguir com alta de juros

O presidente do BC tem sinalizado que o ciclo de alta dos juros não deve parar, ao menos até o fim de seu mandato, em 31 de dezembro deste ano.

Durante participação em eventos aqui e no exterior, ele tem contribuído para inflamar o mercado financeiro com o discurso da necessidade de o governo fazer ajuste fiscal para reduzir a inflação e os juros futuros.

As falas de Campos Neto tem ecoado. O mercado financeiro segue fazendo pressão por mais alta nos juros, o que é ruim para os investimentos, créditos e a dívida pública, mas bom para o capital especulativo.

No Boletim Focus divulgado na última segunda-feira (28), a mediana do mercado aponta, pela primeira vez, que a inflação vai superar o teto da meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em 2024 (4,5% ao ano).

Além disso, prevê que a Selic encerre 2024 em 11,75% ao ano. Como o Copom tem mais duas reuniões pela frente este ano, a mediana do mercado espera ao menos dois ajustes de 0,50 ponto percentual.

Redação ICL Economia
Com informações do UOL

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