Em evento com a nata do mercado financeiro mundial, Campos Neto faz o que sabe fazer melhor: falar mal do Brasil

Falando na conferência econômica anual organizada pelo Fed, o banco central dos EUA, o presidente do BC brasileiro criticou os programas sociais de transferência de renda e políticas públicas.
26 de agosto de 2024

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se diz técnico, mas se comporta como oposição quando o assunto é retratar a imagem do Brasil no exterior. No sábado (24), em discurso no simpósio de Jackson Hole, no Wyoming (EUA), onde esteve reunida boa parte da elite do mercado financeiro mundial, ele voltou a falar mal do país, como tem sido usual da parte dele quando participa de eventos lá fora.

A postura do presidente do BC é muito ruim para a imagem do Brasil, pois tem a capacidade de afastar possíveis investidores.

No sábado, ele disse que discutir a transmissão da política monetária se tornará cada vez mais difícil sem abordar as questões fiscais e citou o peso crescente da dívida pública diante da expansão dos gastos dos governos.

O painel sobre o qual Campos Neto falou discutiu a transmissão monetária, ou seja, quanto efeito os movimentos das taxas de juros têm sobre a atividade econômica.

Em sua fala, o presidente do BC brasileiro destacou, por exemplo, que os programas de transferência de renda implementados durante a pandemia de Covid-19 são agora maiores e tornaram-se permanentes no caso brasileiro.

Nas palavras de Campos Neto, 50 milhões de pessoas estão “ganhando dinheiro do governo, em comparação com 43 milhões de pessoas que são empregados e empresários”, como se transferir renda para minorar os impactos da desigualdade brasileira fosse a grande responsável por desequilibrar as contas públicas.

Em Jackson Hole, Campos Neto mostra mais preocupação com as contas do que com o povo

Sem fazer uma referência direta ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é alvo de críticas pela condução da política monetária e por seu posicionamento político, Campos Neto disse: “Precisamos pensar em uma estratégia precisa e compreender a eficiência desses programas governamentais, especialmente nos países de mercados emergentes, e o que isso fez com a dívida”. “Acho que precisamos começar a comunicar melhor a má alocação de recursos”, emendou.

Campos Neto, cujo mandato à frente do BC termina em dezembro deste ano, reforçou ainda em seu discurso que a dívida brasileira precisa ser abordada “considerando a dinâmica dos mercados daqui para frente e, infelizmente, vai ser muito difícil falar de transmissão [da política monetária] sem falar um pouco mais do fiscal”.

Em recente entrevista ao jornal O Globo, Campos Neto chegou a elogiar a economia brasileira, ao apontar que os indicadores estão melhores, com atividade e emprego fortes e que tudo isso precisa ser olhado de perto.

Quanto ao fato de a inflação ter encostado no teto da meta, ele avaliou que o indicador deve arrefecer agora. Todas essas variáveis, segundo ele, serão avaliadas na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, em setembro, que vai avaliar os caminhos da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano.

Em Jackson Hole, ele ainda comentou a desaceleração da economia da China e como isso pode impactar o Brasil por meio de um choque nos termos de troca ou da redução dos preços de importação de produtos chineses, embora o efeito líquido dependa da dimensão da desaceleração.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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