Depois da Lojas Americanas, o Grupo Casas Bahia anunciou ontem (29) que entrou com um pedido de recuperação extrajudicial para o reperfilamento de dívidas financeiras, estimadas em R$ 4,1 bilhões. Os dois principais credores da varejista são o Bradesco e o Banco do Brasil (leia a nota divulgada pela empresa clicando aqui).
Praticamente todo esse valor é decorrente de quatro debêntures e de CCBs (cédulas de crédito bancário) emitidas nos últimos anos, que venceriam até 2027. Com o reperfilamento, esses papéis serão consolidados em uma única nova debênture, com condições mais vantajosas para a empresa.
A varejista terá, por exemplo, carência de 24 meses para pagamento de juros e de 30 meses para o principal. O prazo total de amortização da dívida ficará em 78 meses, enquanto o prazo médio de amortização será de 72 meses – contra os 22 meses atuais. Os pagamentos iniciarão em 2026, mas atingirão volumes significativos só em 2029 e 2030.
Além disso, o plano inclui uma renegociação dos juros pagos, que passarão a ser equivalentes ao CDI (uma taxa comum do mercado financeiro, que acompanha a variação da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,75% ao ano), mais uma taxa que pode variar de 1% a 1,5% ao ano.
O valor principal da dívida não será alterado, somente as condições para o pagamento com os principais credores.
Outro ponto é que os credores das dívidas financeiras da Casas Bahia também terão a possibilidade de converter parte dos créditos que têm com a empresa em ações.
Em entrevista ao InfoMoney, Renato Franklin, CEO da Casas Bahia, explicou que, como Bradesco e Banco do Brasil detêm 54,5% do valor, o processo de recuperação judicial já nasce virtualmente aprovado.
“É uma solução estrutural e definitiva, que nos dá tranquilidade e condição de trabalhar”, disse. “A empresa ganha flexibilidade e a gestão ganha foco, pois estávamos trabalhando metade do tempo na operação e metade na tesouraria”, complementou.
Plano de recuperação judicial complementa plano de transformação da Casas Bahia
O plano de recuperação extrajudicial vem em complemento a um plano de transformação anunciado em agosto do ano passado. A reestruturação previa o fechamento de até 100 lojas ainda em 2023 e a demissão de mais de 6 mil funcionários.
Com o plano de transformação, a Casas Bahia calculava redução de até R$ 1 bilhão em estoques, levando os produtos que menos geram lucro para a empresa – principalmente os itens de menor preço – para o seu marketplace, deixando as lojas físicas apenas com o que oferece maior lucratividade para a companhia.
A empresa disse, em nota, que a recuperação extrajudicial “tem escopo limitado e não impactará as demais dívidas da companhia, inclusive operacionais com fornecedores e parceiros, as quais continuarão sendo honradas regular e tempestivamente nos seus respectivos vencimentos, sem qualquer interrupção ou descontinuidade”.
Com o reperfilamento da dívida, a Casas Bahia espera ter uma melhora de R$ 4,3 bilhões no fluxo de caixa dos próximos quatro anos – sendo R$ 1,5 bilhão já em 2024 – e garante que a nova estrutura de capital “melhora a perspectiva de crédito e traz flexibilidade na relação com fornecedores, seguradoras e futuros credores”.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias