Como se formam os preços administrados no Brasil? (Parte 3 – transporte público)

No terceiro texto da série, o economista do ICL André Campedelli explica como se forma o preço dos transportes públicos
21 de junho de 2022

Continuando a série “Como se formam os preços administrados no Brasil?”, a terceira precificação a ser explicada é a do transporte público. Estes preços são reajustados de forma municipal ou estadual, dependendo do ente federativo responsável pelo funcionamento do modal. Existem basicamente três grandes formas de reajuste do transporte público, duas utilizando índices inflacionários e uma utilizando um cálculo de custos. Acompanhe a apresentação destas três versões.

A primeira delas é a utilizada pelo município do Rio de Janeiro no cálculo de reajuste da passagem do ônibus municipal. Ela utiliza índices inflacionários específicos, calculados pela Fundação Getúlio Vargas, que mensura o aumento que bens importantes para o funcionamento do transporte e, a partir disso, realiza o cálculo que vai dizer qual é o reajuste necessário a ser realizado. A fórmula abaixo mostra como é feito o reajuste a partir desta metodologia.

transporte público

Este é o método de reajuste que as cidades de Goiânia, Campo Grande, São Luís e Belo Horizonte utilizam, obviamente com cada cidade usando suas medidas previamente estipuladas em contrat, para realizar o cálculo do reajuste. Além destas cidades, o governo da Bahia e do Ceará utilizam também esta metodologia de cálculo para reajustar a passagem do ônibus interestadual.

O segundo método é bem mais simples, que é basicamente a utilização do IPCA, INPC ou do IGP-M no reajuste da passagem de ônibus. É basicamente reajustar o preço da passagem pelo reajuste inflacionário que ocorreu no período. Segue abaixo o cálculo utilizado para tal:

transporte público

Este método é utilizado para realizar os reajustes do ônibus intermunicipal do Distrito Federal, de Goiás, do Mato Grosso do Sul, do Sergipe, do trem da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo, além do metrô de Salvador, de Brasília, do Rio de Janeiro e de São Paulo.

O último método utilizado para realizar o cálculo do reajuste é um baseado em custos, que se utiliza de uma métrica chamada IPK (índice de passageiro por quilometro). Nesta, é feito um cálculo base observando quanto cada passageiro pagante roda em média e o custo de se rodar o transporte por um quilômetro. Os cálculos para realizar tal medição estão na fórmula abaixo:

transporte público

A partir da medição dos custos para se transportar um passageiro é que o cálculo final da tarifa é feito e, caso seja necessário um reajuste, este é solicitado para o agente regulador local. Este é um dos métodos mais utilizados no país, como no ônibus urbano de Rio Branco, Salvador, Fortaleza, Brasília, Vitória, Curitiba, Recife, Porto Alegre, Aracajú e São Paulo, além do ônibus intermunicipal do Acre, do Espirito Santo, do Maranhão, de Minas Gerais, do Pará, do Paraná, de Pernambuco, do Rio Grande do Sul e de Sergipe, além do metro de Fortaleza, de Belo Horizonte, do Recife e de Porto Alegre.

A série especial “Como se formam os preços administrados no Brasil?” é baseada em artigo científico de autoria do economista do ICL André Campedelli publicado na revista acadêmica Brazilian Keynesian Review 

Leia também: Como se formam os preços administrados no Brasil? (Parte 1 – gás de cozinha) e Como se formam os preços administrados no Brasil? (Parte 2 – energia elétrica)

 

Redação ICL Economia

Com informações do artigo de André Campedelli na revista acadêmica Brazilian Keynesian Review

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