Auxílio gás é insuficiente diante da alta inflação e consumo de gás de cozinha cai no 1º semestre. É o pior em nove anos

No primeiro semestre de 2022, o GLP foi vendido em média por R$ 110,36 (em valores deflacionados para julho de 2022), preço 40% superior à média real do restante da década verificada
2 de setembro de 2022

Por causa da alta inflação no governo Bolsonaro, o consumo de gás de cozinha no Brasil caiu no primeiro semestre de 2022 e registrou o pior desempenho desde 2014. A venda de botijões de GLP (gás liquefeito de petróleo) teve queda de 4,5% em relação ao período de janeiro a junho de 2021. Nem mesmo a criação do Auxílio Gás, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no final do ano passado, foi suficiente para a compra do botijão de gás.

O levantamento foi feito pelo Observatório Social do Petróleo, ligado a sindicatos de petroleiros e que monitora as políticas e ações da Petrobras, a partir de dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo) sobre GLP vendido em vasilhames de até 13 quilos, os mais usados em residências.

“Essa queda ocorre tanto por conta do preço elevado do botijão, quanto pela crise econômica. Neste primeiro semestre, o GLP foi vendido em média por R$ 110,36 (em valores deflacionados para julho de 2022), preço 40% superior à média real do restante da década verificada”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

O maior impacto da redução de consumo de gás aconteceu nas regiões Sul e Sudeste, com redução de 5,9% e 5,7% no consumo do primeiro semestre, respectivamente. Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram os estados mais afetados, com diminuição de venda de botijões de quase 8%. Em São Paulo, a queda foi de 5,9%, e no Rio, de 4,2%.

Segundo pesquisa de preços, nos últimos 12 meses, até agosto passado, os preços do gás encanado e de botijão acumulam altas de 26,29% e de 21,36%, respectivamente, em um ano.

Para tentar reverter os prejuízos eleitorais advindos do alto preço do gás, o Congresso aprovou um projeto do governo Jair Bolsonaro (PL) para que parte das famílias que recebem o Auxílio Brasil — no valor de R$ 600 deste mês até o final deste ano — também recebam o vale-gás no valor integral de R$ 110 a cada dois meses. A medida entrou em vigor no início de agosto e deverá alcançar 5,6 milhões de residências. Mas, por enquanto, não surtiu efeito. 

Neste mês, setembro, o governo não realiza nenhum pagamento referente ao programa vale-gás nacional. Por ser pagamento bimestral, os repasses acontecem a cada dois meses. A próxima liberação está marcada para 18 de outubro, exatamente entre o primeiro turno (1 de outubro) e o segundo turno (30 de outubro) da eleição presidencial. A divisão dos grupos segue obedecendo o final do Número de Identificação Social (NIS) de cada pessoa.


Diante do baixo consumo de gás, aumentou o consumo de lenha que está em maior patamar em mais de uma década

 

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Crédito: Agência Brasil 

Dantas, do Observatório Social do Petróleo, aponta que, em 2021, o consumo de lenha atingiu seu maior patamar em mais de uma década, segundo levantamento da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Desde 2018, com a escalada do valor do gás, a lenha passou a ser a segunda fonte de energia residencial mais utilizada no Brasil, de acordo com dados da EPE. A principal fonte de consumo é a energia elétrica e, em terceiro lugar, aparece o GLP.

“O cenário atual, lamentavelmente, é de mais lenha e menos gás. Nem o Auxílio Gás foi até agora suficiente para impedir esse retrocesso, o que mostra o tamanho do problema”, afirma.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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