A dívida bruta do setor público consolidado, que mede a capacidade de pagamento dos países, registrou aumento para 73% do PIB em fevereiro, contra 72,5% em janeiro desse ano, segundo dados do Banco Central, divulgados na sexta (31). No novo arcabouço fiscal, com regras para as contas públicas em substituição ao teto de gastos, o governo Lula estimou que, com a nova âncora fiscal, a dívida poderá subir para até 77,3% do PIB no fim do governo Lula, em 2026.
Já as contas públicas consolidadas registraram um déficit primário de R$ 26,45 bilhões em fevereiro. É o pior desde o início da série histórica do Banco Central, em 2002. Na proporção com o Produto Interno Bruto (PIB), relação usada por analistas, o saldo negativo das contas públicas, de 3,22% no mês passado, é o mais alto para meses de fevereiro desde 2020 (3,37% do PIB).
Nas contas públicas, em fevereiro, as despesas com impostos ficam acima das receitas, desconsiderando os juros da dívida pública
O déficit primário das contas públicas acontece quando as despesas com impostos ficam acima das receitas, desconsiderando os juros da dívida pública. Quando acontece o contrário, há superávit. O resultado engloba o governo federal, os estados, municípios e as empresas estatais.
O governo federal registrou déficit de R$ 39,23 bilhões nas contas públicas; estados e municípios tiveram saldo positivo de R$ 11,84 bilhões; e empresas estatais apresentaram superávit de R$ 938 milhões.
No acumulado do primeiro bimestre deste ano, segundo dados oficiais, as contas públicas registraram um superávit de R$ 72,56 bilhões, o equivalente a 4,43% do PIB.
Isso representa piora em relação ao mesmo período do ano passado, quando foi registrado um saldo positivo de R$ 105,3 bilhões (7,13% do PIB).
Quando se incorporam os juros da dívida pública na conta (resultado nominal) houve déficit de R$ 90,6 bilhões nas contas do setor público em fevereiro. Em 12 meses, até fevereiro deste ano, o resultado ficou negativo (déficit nominal) em R$ 565,8 bilhões, o equivalente a 5,62% do PIB.
O resultado nominal das contas do setor público sofre impacto do resultado mensal das contas, das atuações do BC no câmbio, e dos juros básicos da economia (Selic) fixados pela instituição para conter a inflação. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano, o maior valor em seis anos.
Segundo o BC, no mês passado as despesas com juros nominais somaram R$ 64,15 bilhões. Em 12 meses, até fevereiro, os gastos com juros somaram R$ 659,11 bilhões (6,54% do PIB).
A dívida bruta do setor público, indicador que também é acompanhado pelas agências de classificação de risco, registrou aumento em fevereiro, atingindo 73% do PIB, o equivalente a R$ 7,35 trilhões. Em janeiro, a dívida estava em 72,5% do PIB (dado revisado), somando R$ 7,25 trilhões.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias