O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, defendeu, nesta segunda-feira (11), durante participação na COP28 (Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas), em Dubai, nos Emirados Árabes, a proposta apresentada pelo Brasil, de que seja adotado um calendário para eliminação dos combustíveis fósseis. A redução, de forma gradual, deve ocorrer de modo convergente à meta para conter o aquecimento global em até 1,5 grau Celsius.
A fala de Gueterres ocorreu durante coletiva de imprensa. Segundo ele, isso definirá, lá na frente, o sucesso da COP28, prevista para terminar nesta terça (12).
“Mas isso não significa que todos os países devem eliminar os combustíveis fósseis ao mesmo tempo”, ele ressalvou, citando a necessidade de se respeitar o princípio ‘responsabilidades comuns, porém diferenciadas’ criado pela Convenção-Quadro do Clima da ONU, em 1992.
A proposta, que havia sido apresentada pelo Brasil na última semana, sugere que os países desenvolvidos devem se adiantar e permitir às nações em desenvolvimento uma transição energética mais lenta.
Gueterres participou da abertura da conferência, em 29 e 30 de novembro, e voltou nesta segunda-feira para acompanhar as conclusões das discussões.
No evento, o governo brasileiro apresentou o Plano de Transição Ecológica, que precisará de US$ 130 bilhões a US$ 160 bilhões por ano ao longo da próxima década, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Mas o país também teve a passagem marcada negativamente ao anunciar que aceitou o convite para aderir à Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais aliados), o que foi visto como um contrassenso ao discurso em defesa do meio ambiente feio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva; e pelo fracasso nas negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia.
Na COP28, Guterres manda recado a países desenvolvidos sobre travas em acordos
Na coletiva de imprensa, o secretário-geral da ONU também abordou para a necessidade de se concluir, nesta COP, um balanço do que foi feito até aqui para que as metas futuras sejam estipuladas, e mandou um recado às nações desenvolvidas sobre os aspectos que travam o acordo, como o financiamento dos mais ricos aos países mais pobres.
“Um acordo sem meios de implementação é como um carro sem rodas”, afirmou, em recado ao bloco desenvolvido, que no domingo (10) se opôs à seção inteira sobre meios de implementação da agenda de adaptação climática.
A propósito desse tema, o presidente Lula foi enfático em seu discurso na conferência, dizendo que a preservação ambiental custa muito dinheiro. “É a primeira vez que as florestas vêm falar por si. É a primeira vez que nós estamos dizendo: não basta evitar desmatamento, é preciso cuidar da floresta, cuidar das pessoas que moram na floresta, e cuidar da biodiversidade da floresta. Isso custa muito dinheiro, e os países ricos têm que ajudar a pagar essa conta. É isso que nós queremos nesta COP”, afirmou o mandatário brasileiro.
Por sua vez, Guterres também apontou que o desafio climático não se resume a financiamento, em um chamado aos países em desenvolvimento para cooperar na direção de um consenso que não coloque em xeque a ambição do acordo.
A proposta final da COP28 sobre a questão energética deve abordar ao menos dois aspectos: o volume dos combustíveis fósseis que se quer mitigar e como se dará o apoio à transição energética para fontes mais limpas.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da Folha de S.Paulo