O Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central repetiu nesta terça-feira, 10, por meio da ata de seu último encontro, que vê como “provável” nova alta da Selic (a taxa básica de juros) na próxima reunião, em junho, em ritmo menor do que o movimento feito este mês. Na semana passada, o Copom elevou a Selic em 1,00 ponto porcentual, de 11,75% para 12,75% ao ano.
Mas o comitê afirmou que sua atuação demanda “cautela adicional” diante da incerteza elevada da conjuntura econômica atual e do estágio avançado do ciclo de ajuste monetário, com impactos ainda a serem observados. Desde o início do processo de aperto monetário, a alta da Selic atingiu 10,75 pontos porcentuais, a mais forte desde 1999.
“Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude. O Comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação”, disse o Copom na ata, repetindo o comunicado da semana passada.
O BC ainda repetiu que poderão ser feitos ajustes nos próximos passos para convergência da inflação às metas e a depender da evolução do balanço de riscos, da atividade econômica e das projeções e expectativas de inflação.
Apesar de sinalizar uma redução do ritmo de alta da Selic na próxima reunião, o Copom voltou a dizer que é apropriado que o ciclo de aperto monetário “continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”, preocupado com o aumento de suas projeções de inflação e com o risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos.
“O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, repetiu a ata.
Copom admite que alta da Selic não surtiu efeito até agora
Apesar de destacar que o ciclo atual de aperto monetário foi “bastante intenso e tempestivo”, o Copom reconheceu que, devido à defasagem da política monetária, “ainda não se observa grande parte do efeito contracionista esperado bem como seu impacto sobre a inflação corrente”.
O BC também admitiu que houve uma “deterioração marginal” tanto da inflação de curto prazo – com surpresas mensais para cima – quanto nas projeções mais longas. O Copom repetiu que o cenário segue cercado de incerteza e volatilidade acima do usual.
Ata traz projeções para inflação
A ata do último encontro do Copom indicou que a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022 no cenário de referência está em 7,3%. Este cenário pressupõe a taxa de juros variando conforme a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 4,95 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Além disso, a premissa é que o barril de petróleo segue a curva futura de mercado, termina 2022 em US$ 100 no fim do ano e sobe a 2% ao ano na sequência. Para 2023, a projeção para o IPCA está em 3,4%.
Essas estimativas já constaram no comunicado da semana passada, quando o Copom aumentou a Selic.
A projeção para 2022 continua a indicar um novo descumprimento do mandato principal do BC este ano, considerando que está muito acima do teto da meta (5,00%). Para 2023, a estimativa do BC está um pouco superior ao alvo central (3,25%), que tem margem entre 1,75% e 4,75%.
Na ata da reunião anterior, em março, as projeções de inflação no cenário que considerava juros do Focus, câmbio PPC e petróleo a US$ 100 no fim do ano eram de 6,3% para 2022 e 3,1% para 2023. Esse cenário foi nomeado de alternativo na reunião de março.
Com informações do Estadão Conteúdo