O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia, nesta terça-feira (30), a reunião para decidir o próximo passo da política monetária. Já é dado como certo pelo mercado financeiro que a reunião, que termina amanhã (31), decidirá pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 10,50% ao ano.
A ata da última reunião do Copom, que aconteceu em junho, mostra que as preocupações com a inflação devem manter a taxa básica de juros em patamar mais elevado até 2025.
Os membros do colegiado afirmaram que “o cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador, com o aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo condicionadas em uma taxa de juros mais elevada”. Por isso, reafirmaram, unanimemente, que devem perseguir a reancoragem das expectativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) de 2024 e 2025, independentemente de quais sejam os fatores por detrás da desancoragem.
Se mantida a taxa, o Brasil se consolida como o segundo colocado num ranking de países com o maior juro real do mundo, só perdendo para a Rússia.
O juro real é formado, entre outros pontos, pela taxa de juros nominal do país subtraída a inflação prevista para os próximos 12 meses. Segundo levantamento compilado pelo MoneYou, os juros reais do Brasil estão na casa dos 6,54% e os da Rússia, em 7,79%.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido crítico à condução da política monetária pelo Banco Central e, principalmente, ao comportamento político do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, que tem atuado como sabotador do país.
Não é preciso ser um grande entendedor de economia para verificar os impactos negativos dos juros altos sobre a economia, pois aumenta os custos da dívida pública e fragiliza a situação fiscal do país, além de desincentivar investimentos produtivos.
Copom: juros altos afetam investimentos e estão entre as razões para aumento de pedidos de recuperação judicial
Segundo levantamento da Serasa Experian, o número de empresas que pediram recuperação judicial no primeiro semestre no Brasil chegou a 1.014, um crescimento de 71% em relação ao mesmo período do ano passado.
O número também supera a quantidade de pedidos feitos nos anos completos de 2022 (891) e 2021 (833), demonstrando a forte aceleração registrada nos primeiros seis meses deste ano.
Empresas como Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), Coteminas e Dia e até uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol), a do Figueirense, deram entrada em pedidos de recuperações judiciais neste ano.
Em entrevista ao Estadão, o economista-chefe do Serasa, Luiz Rabi, o aumento de pedidos de recuperação judicial é explicado por uma combinação de fatores, como a inadimplência de 73 milhões de consumidores, que leva ao endividamento das empresas, e a taxa de juros, que encarece as dívidas.
“Talvez a gente ultrapasse o recorde histórico que foi no auge da recessão em 2016. Naquele ano, foram 1.863 pedidos de recuperação judicial, sendo 923 deles no primeiro semestre. O primeiro semestre deste ano já bateu o daquele ano. Então, é provável que a gente ultrapasse ou fique muito próximo do recorde histórico, em termos anuais”, afirmou Rabi.
Segundo os dados do Serasa, os setores mais afetados pela onda de recuperações judiciais neste ano foram comércio, com alta de 65%; serviços, 62%; e indústria, com 44%.
As micro e pequenas empresas foram as que tiveram a maior aceleração nos pedidos de recuperação judicial de janeiro a junho em relação ao mesmo período do ano passado. O número saltou de 376 para 713, demonstrando a vulnerabilidade desses negócios ao encarecimento do crédito.
O motivo está ligado à dificuldade de obter fontes de crédito de que as empresas de pequeno porte dispõem, enquanto os médios e os grandes negócios podem, por exemplo, recorrer mais facilmente ao mercado de capitais ou ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Para o especialista, o controle da inflação e do câmbio, a queda do juro e o aumento do emprego são fatores essenciais para mudar o cenário de alto ritmo de endividamento das empresas brasileiras.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e de O Estado de S.Paulo