O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne a partir de amanhã para definir a nova taxa Selic. O anúncio ocorre na quarta-feira (31) e a expectativa do mercado financeiro é de que a autoridade monetária promova um corte de 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano.
O próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou, em dezembro passado, que o ritmo de queda na taxa básica de juros (Selic) de 0,5 pp. seria mantido nas duas primeiras reuniões do Copom em 2024. Lembrando que o Copom é composto por ele e mais oito diretores.
A previsão de dois cortes de 0,50 p.p., conforme disse Campos Neto, se baseia nas variáveis atuais do cenário econômico: queda de preços, diminuição na taxa de juros de longo prazo no exterior, principalmente nos Estados Unidos, e avanço nas medidas de equilíbrio fiscal do governo brasileiro.
“Hoje, com as variáveis que temos, o mais apropriado é o ritmo de corte de 50 pontos [base, ou 0,5 ponto percentual] nas próximas duas reuniões. Em relação ao cenário fiscal, reconhecemos o esforço [do governo] e ele precisa melhorar. Tem um gap entre o que o mercado entende que precisa e o governo. Mas não existe uma relação mecânica entre fiscal e a queda de juros”, afirmou Campos Neto.
No Boletim Focus do BC divulgado na semana passada (22), o mercado manteve as projeções de que a taxa básica de juros, atualmente em 11,75% ao ano, encerre 2024 em 9%. Para 2025, a previsão é de 8,5% para a Selic.
Ou seja, o mercado conta com cortes na mesma proporção que o Copom vem realizando desde agosto do ano passado ou cortes menores, de 0,25 p.p.
Na decisão, também deve pesar o fato de que a inflação tem se mostrado convergente com a meta estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
O IPCA-15, considerado a prévia da inflação, ficou em 0,31% em janeiro, 0,09 ponto percentual (p.p.) menor que a de dezembro, quando variou 0,40%.
Para mercado, cortes na taxa Selic já estão precificados. Resta saber o tom do comunicado do Copom
Como indicado pelo próprio Boletim Focus, os cortes na Selic já estão precificados. Resta saber como será o tom do comunicado do Copom.
“Se o ciclo de corte de juros está perto do final, a linguagem deve ser modificada [em relação aos outros comunicados]. Mesmo se não estiver, é preciso sinalizar ao mercado. Por isso, mais do que nunca, começa a ficar relevante o que será dito pelo Banco Central”, disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, ao site Inteligência Financeira.
A expectativa é que, assim como vem salientando Campos Neto, a perseguição à meta de déficit fiscal zero (equilíbrio entre receitas e despesas) deve ser destacada no comunicado, que será divulgado na quarta-feira com a decisão.
Mas o cenário internacional deve ser o grande destaque. Deve estar no radar do Copom o conflito no Mar Vermelho, que afeta diretamente o tráfego de mercadorias pelo mundo e, consequentemente, alguns indicadores importantes para o Brasil, como petróleo e câmbio.
Além disso, o ambiente global de desinflação e as taxas de juros das grandes economias, principalmente a dos Estados Unidos, também seguem no radar do colegiado.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do site Inteligência Financeira