Cúpula do G7 anuncia embargo ao ouro russo e EUA falam que Rússia deu calote na dívida externa

Rússia nega calote e advogados dizem que o país tem prazo até o final do dia útil seguinte para pagar os detentores dos títulos
27 de junho de 2022

A cúpula do G7 – que reúne Alemanha, Estados Unidos, Itália, França, Japão, Canadá e Reino Unido – começou, neste domingo (26), na Alemanha, e importantes anúncios impactam as discussões.

Ontem, os países que compões a cúpula do G7 anunciaram que pretendem banir a importação de ouro da Rússia, em mais uma inciativa que visa diminuir a capacidade do Kremlin para financiar a guerra na Ucrânia. Já, nesta segunda-feira (27), o dia iniciou-se com a Casa Branca afirmando que a Rússia deu calote em seus títulos soberanos estrangeiros pela primeira vez desde 1918.

Líderes da cúpula do G7 falam em banir importação de ouro da Rússia

À espera de um anúncio coletivo no final da reunião da cúpula do G7, na terça-feira (28), os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Japão foram em frente e anunciaram o embargo ao ouro recém-extraído na Rússia.

A Rússia é um grande produtor de ouro, cujas exportações representaram cerca de US$ 15,5 bilhões em 2021 (dados do Downing Street) e proibir o produto pode ter um grande impacto na capacidade dos russos de arrecadar fundos.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que “essas medidas atingirão diretamente os oligarcas russos e atingirão o coração da máquina de guerra de Putin”.

Neste mesmo sentindo de minar o poder econômico da Rússia, o presidente dos EUA, Joe Biden, pediu a unidade da cúpula do G7 e da Otan, afirmando que Vladimir Putin esperava “que, de uma forma ou de outra, a Otan e o G7 se separassem, mas não o fizemos e não vamos”, acrescentou.

Rússia nega calote

A Rússia tem lutado para manter os pagamentos de US$ 40 bilhões em títulos pendentes desde o início na guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro, uma vez que medidas econômicas efetivamente cortaram o país do sistema financeiro global.

A avaliação dos EUA é de que o calote da Rússia em seus títulos soberanos estrangeiros demonstra como as sanções estão impactando a economia russa. A afirmação foi feita por uma autoridade do governo americano em briefing à imprensa na cúpula do G7 na Alemanha.

“As notícias desta manhã sobre a descoberta do default da Rússia, pela primeira vez em mais de um século, situam o quão fortes são as ações que os EUA, juntamente com aliados e parceiros tomaram, bem como o impacto sobre a economia da Rússia”, acrescentou o funcionário dos EUA no briefing.

Por outro lado, o Kremlin rejeitou as alegações de que deu calote em sua dívida externa. O porta-voz Dmitry Peskov disse que a Rússia fez pagamentos de títulos em maio, mas o fato de terem sido bloqueados pela Euroclear por causa das sanções ocidentais “não é nosso problema”.

O governo russo disse repetidamente que não há motivos para a Rússia dar calote, mas é incapaz de enviar dinheiro aos detentores de títulos por causa das sanções, acusando o Ocidente de tentar levá-lo a um calote artificial.

Um calote formal da Rússia seria em grande parte simbólico, já que o país não pode realizar empréstimos internacionalmente no momento e não precisa, graças às abundantes receitas de exportação de petróleo e gás. Mas o fato provavelmente aumentará os custos em empréstimos futuros.

Os pagamentos em questão são de US$ 100 milhões em juros sobre dois títulos, um denominado em dólares e outro em euros, que a Rússia deveria pagar em 27 de maio. Os pagamentos tinham um período de carência de 30 dias, que expirou no domingo. O Ministério das Finanças da Rússia disse que fez os pagamentos ao seu Depositário Nacional de Liquidação (NSD, na sigla em inglês) em euros e dólares, acrescentando que cumpriu com as obrigações.

Sem prazo exato especificado no prospecto, advogados dizem que a Rússia pode ter até o final do dia útil seguinte para pagar os detentores dos títulos.

Outros debates no G7

O conflito na Ucrânia e suas consequências serão amplamente discutidos na cúpula do G7, mas outros desafios também serão abordados, como a ameaça de recessão e as crises ambientais causadas pelas mudanças climáticas.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, anfitrião do evento, afirmou neste domingo (26) que existe uma “preocupação compartilhada” dentro da cúpula do G7 com a situação econômica global, em especial pela inflação. “Todos os Estados do G7 estão preocupados pela crise que temos que enfrentar agora. Em alguns países, caem os índices de crescimento, sobe a inflação, escasseiam os combustíveis, as cadeias de distribuição estão bloqueadas”, afirmou o chefe de governo. Ele disse também que na primeira reunião dos líderes do bloco foram abordadas questões relacionadas à economia global.

Os países ocidentais ainda olham com preocupação para a China, que emerge como um rival sistêmico. O G7 quer contrariar o gigante asiático e suas “Novas Rotas da Seda” investindo maciçamente na infraestrutura dos países da África, Ásia e América Latina.

Neste sentido, a cúpula do G7 anunciou o lançamento de um grande programa de investimentos, com o objetivo de mobilizar US$ 600 bilhões até 2027, para financiar infraestruturas de países em desenvolvimento.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

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