Com alta inflação e juros subindo, economia global está à beira de uma recessão

Ainda que a alta inflação seja um grande problema do mundo, o aperto monetário esperado deve gerar efeitos ainda mais perversos à economia mundial
27 de junho de 2022

A alta inflação tem se mostrado cada vez mais persistente entre as economias globais. A elevação do preço das commodities, como resultado da guerra entre Rússia e Ucrânia, junto às sanções impostas à Rússia, que encareceram o custo energético dos países europeus, têm aumentado a alta inflação com os preços dos alimentos e bens energéticos (petróleo, gás natural etc).

No acumulado de 12 meses, a alta inflação chegou a 9,1% na Colômbia; a 5,2%, na França; a 7,9%, na Alemanha; a 7,8%, na Irlanda; a 7,9, no Reino Unido; a 8,6%, nos Estados Unidos; a 8,1%, nos países da Comunidade Europeia. O Brasil continua como uma das maiores inflações do mundo atualmente, em 11,7%, atrás apenas de alguns países, como Argentina e Turquia.

Segundo os economistas do ICL André Campedelli e Deborah Magagna, mesmo que a alta inflação seja um grande problema do mundo, o aperto monetário esperado deve gerar efeitos ainda mais perversos à economia mundial. “A projeção é de queda substancial da atividade econômica, que deve gerar situações recessivas em muitos casos. O remédio para controlar a inflação global pode provocar mais malefícios que benefícios no médio e longo prazo”, explicam os economistas.

Eles também alertam que o aumento dos preços dos alimentos chama a atenção globalmente. “Com o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, os alimentos passaram a pressionar fortemente todos os países do mundo. Nem mesmo o Brasil, sendo um dos maiores produtores de alimentos do mundo, foi exceção desta vez”, completam os economistas André Campedelli e Deborah Magagna.

Alta inflação dos alimentos e dos combustíveis passou a ser um desafio global diante do conflito entre Rússia e Ucrânia

maior inflação para abril desde 1996, alta inflação

Crédito: Agência Brasil

A alta inflação de alimentos na França era de 1% no começo de 2021, atualmente, se encontra em 4,6%; na Alemanha era de 1,9% no ano passado e, agora, chegou a 10,7%. Na Itália se encontrava em 0,7%, atingindo 7,4% neste ano. No Reino Unido, a inflação dos alimentos era negativa em 0,7%. Agora, está positiva em 8,7%. Nos Estados Unidos, passou de 3,7% para 12%. O Brasil manteve este componente inflacionário elevado, embora tenha apresentado leve melhora, uma vez que se encontrava em 14,8% no começo de 2021 e, agora, a inflação de alimentos se encontra em 13,51%.

Os preços dos bens energéticos – commodities minerais, como gás natural e petróleo – também refletem a alta inflação. “No Brasil, não há uma medição igual à da OCDE. Portanto, a medição toma como base a inflação dos combustíveis veiculares”, explica Campedelli.

O mundo passou a sentir os efeitos da alta inflação dos combustíveis ainda no começo de 2021, quando a política de aumento apenas gradual da produção de petróleo da OPEP passou a ser implementada, o que elevou o custo da commodity no mundo.

No Brasil, o efeito da alta inflação teve maior intensidade. Em três meses, passou de 0,97% para 23,2%. Como comparação, no México, que possui condições semelhantes, a alta foi mais amena, de 2,7% para 14,5%. Com o começo da guerra entre Rússia e Ucrânia, a situação ficou muito complicada para os países europeus e para os Estados Unidos, com uma disparada da inflação de combustíveis, que, inclusive, superaram o Brasil.

Os economistas do ICL explicam que todos os países estão tomando medidas ortodoxas de controle para conter a alta inflação, como é o caso da elevação da taxa de juros. Mas, ao mesmo tempo, buscam alternativas para amenizar os choques de custos, como redução de impostos, taxação de lucros extraordinários de petrolíferas e utilização de reservas estratégicas de petróleo e alimentos. “Somente o Brasil tem tomado apenas medidas ortodoxas de controle para alta inflação, sem tentar amenizar os choques de custos”, destacam Campedelli e Magagna.

Ainda assim, grande parte dos países enfrentam o reduzido crescimento econômico ou até a queda de atividade econômica diante da alta inflação. A Colômbia, o México e o Brasil cresceram apenas 1% no primeiro trimestre de 2022, enquanto que a Alemanha cresceu 0,2%; Itália, 0,1%; e Reino Unido e Índia, 0,8%. Os países membros da OCDE cresceram, em média, 0,3% e a Zona do Euro, somente 0,6%.

Os Estados Unidos e a França apresentam queda de atividade, de 0,4% e 0,2% respectivamente. Diante das medidas que estão sendo adotadas pelos governos para o controle da inflação, a queda da atividade econômica deve ser ainda maior. Há a previsão de baixa atividade econômica e recessão em alguns países.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do Boletim “Economia Para Todos Investidor Mestre”

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