Custo da cesta básica diminuiu em 16 capitais, mas ainda consome, em média, 58,54% do salário mínimo

Vale destacar que, em 2022, o custo da cesta básica apresentou elevação em todas as cidades
8 de setembro de 2022

Em agosto, o valor do conjunto dos alimentos que compõem a cesta básica diminuiu em 16 das 17 capitais onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre julho e agosto, as reduções mais expressivas ocorreram em Recife (-3,00%), Fortaleza (-2,26%), Belo Horizonte (-2,13%) e Brasília (-2,08%). A alta de 0,27% foi registrada em Belém.

São Paulo foi a capital onde a cesta básica apresentou o maior custo (R$ 749,78), seguida por Porto Alegre (R$ 748,06), Florianópolis (R$ 746,21) e Rio de Janeiro (R$ 717,82). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta básica é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 539,57), João Pessoa (R$ 568,21) e Salvador (R$ 576,93).
A comparação do valor da cesta entre agosto de 2022 e agosto de 2021 mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 12,55%, em Porto Alegre, e 21,71%, em Recife.

Em 2022, o custo da cesta básica apresentou elevação em todas as cidades, com destaque para as variações de Belém (14,00%), Aracaju (12,87%) e Recife (12,35%).

Com base na cesta mais cara, que, em agosto, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em agosto de 2022, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.298,91, ou 5,20 vezes o mínimo de R$ 1.212,00. Em julho, o valor necessário era de R$ 6.388,55, ou 5,27 vezes o piso mínimo. Em agosto de 2021, o valor do mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 5.583,90, ou 5,08 vezes o valor vigente na época, de R$ 1.100,00.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5%, referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em agosto de 2022, 58,54% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos, pouco menos do que em julho, quando precisou usar 59,27%. Em agosto de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual ficou em 55,93%.

Comportamento dos preços dos produtos da cesta básica

• Entre julho e agosto, o preço da batata diminuiu em todas as cidades da região Centro-Sul, onde o tubérculo é pesquisado. A maior oferta foi explicada pelo bom ritmo da colheita. As reduções de valor mais expressivas foram registradas em Porto Alegre (-18,65%) e Belo Horizonte (-15,18%). Em 12 meses, porém, todas as cidades apresentaram taxas positivas: em São Paulo, a variação foi de 44,39% e, em Vitória, de 29,46%.

• O preço do óleo de soja baixou em todas as cidades que fazem parte da pesquisa. As quedas oscilaram entre -11,62%, em Brasília, e -2,07%, em Recife. Em 12 meses, o valor do produto subiu em todas as capitais, com destaque para São Paulo (23,49%), Fortaleza (20,59%) e Vitória (20,32%). A redução dos preços internacionais da soja, devido a uma demanda menor e ao ritmo menos intenso de negócios, contribuiu para o crescimento da oferta. Internamente, com o aumento
da disponibilidade da soja e demanda reduzida, reprimida por causa dos altos patamares de preços do óleo no varejo, houve queda no valor médio.

• O valor do quilo do feijão carioquinha diminuiu em quase todas as cidades onde o item é pesquisado (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo), com taxas que variaram entre -6,68%, em São Paulo, e -1,25%, em Natal. A única alta ocorreu em Recife (3,23%). Em 12 meses, todas as capitais registraram elevações, com destaque para Goiânia (34,28%), Salvador (33,31%) e Recife (29,25%). O preço do feijão tipo preto, coletado nas capitais do Sul, em
Vitória e no Rio de Janeiro, baixou em todas as cidades (Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Vitória e no Rio de Janeiro). As quedas oscilaram entre -6,84%, em Vitória, e -2,03%, em Florianópolis. Em 12 meses, os valores recuaram em todas as cidades, com destaque para Vitória (-16,05%). A maior oferta dos dois tipos de feijão reduziu o preço no varejo.

• Houve queda no valor médio do quilo do tomate em 15 das 17 capitais. As reduções variaram entre -22,14%, em Natal e Fortaleza, e -3,69%, em São Paulo. As elevações foram registradas em Vitória (9,72%) e Porto Alegre (2,56%). Em 12 meses, os preços caíram em 10 cidades, com destaque para o percentual de Brasília (-17,83%). Já nas outras sete capitais, os preços do fruto acumularam alta. A maior taxa foi a de Recife (72,07%). A redução dos preços pode ser explicada
pelo aumento da oferta.

• O valor do quilo do café em pó diminuiu em 15 das 17 capitais. As quedas mais expressivas foram registradas em Belo Horizonte (-5,09%), Brasília (-3,80%) e Salvador (-3,71%). Em João Pessoa, o preço não variou e em Fortaleza, houve alta de 0,58%. Em 12 meses, os aumentos mais expressivos no café ocorreram em Recife (85,61%) e em São Paulo (62,49%). Há uma preocupação com a oferta mundial do grão, que se refletiu nos preços externos. Internamente, o clima mais
seco pode comprometer a oferta futura. Entretanto, em agosto, o valor médio diminuiu no varejo.

• O preço do quilo do pão francês subiu em 14 cidades. As maiores elevações ocorreram em Belém (5,41%), Belo Horizonte (2,27%) e Campo Grande (1,96%). Em Recife, o valor não variou e em João Pessoa (-0,65%) e Porto Alegre (-0,24%), houve recuo. Já a farinha de trigo, coletada no Centro-Sul, teve o preço aumentado em oito das 10 capitais onde é pesquisada. As maiores variações
ocorreram São Paulo (4,14%) e Brasília (3,57%). Em Florianópolis, o preço médio não variou. Em Campo Grande, houve queda (-2,53%). Em 12 meses, o preço do pão francês apresentou alta em todas as cidades, as maiores em Aracaju (30,66%), Salvador (29,08%) e Brasília (28,90%). Em igual período, o valor médio da farinha de trigo acumulou aumentos entre 19,29%, em Florianópolis, e
42,41%, em Curitiba. A geada no Sul prejudicou a lavoura de trigo, o que reduziu ainda mais a oferta.

São Paulo

Em agosto de 2022, o preço da cesta básica da cidade de São Paulo apresentou queda de -1,40% em relação a julho. Mesmo assim, foi a mais cara entre as capitais pesquisadas, com valor de R$ 749,78. Em comparação com agosto de 2021, a cesta teve elevação de 15,26%. Na variação acumulada ao longo do ano, o aumento foi de 8,58%.

Em agosto, entre os 13 produtos que compõem a cesta básica, cinco tiveram aumento nos preços médios, na comparação com o mês anterior: farinha de trigo (4,14%), manteiga (1,76%), leite integral (1,62%), banana (1,49%) e pão francês (0,23%). Outros oito itens apresentaram redução: batata (-8,10%), feijão carioquinha (-6,68%), óleo de soja (-4,56%), tomate (-3,69%), açúcar refinado (-2,41%), carne bovina de primeira (-1,95%), café em pó (-0,32%) e arroz agulhinha (-0,26%).
No acumulado dos últimos 12 meses, foram registradas elevações em 11 dos 13 produtos da cesta: café em pó (62,49%), leite integral (60,08%), batata (44,39%), farinha de trigo (34,62%), banana (25,96%), óleo de soja (23,49%), manteiga (20,63%), pão francês (19,47%), feijão carioquinha (16,19%), açúcar refinado (12,50%) e carne bovina de primeira (3,18%). Apenas o arroz agulhinha (-3,46%) e o tomate (-3,41%) acumularam taxa negativa.

Em agosto, o trabalhador de São Paulo, remunerado pelo salário mínimo de R$ 1.212,00, precisou trabalhar 136 horas e 06 minutos para adquirir a cesta básica. Em julho de 2022, o tempo de trabalho necessário foi de 138 horas e 02 minutos, e, em agosto de 2021, de 130 horas e 06 minutos.

Considerando o salário mínimo líquido, em agosto de 2022, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, esse trabalhador precisou comprometer 66,88% da remuneração para adquirir os produtos da cesta básica, que é suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Em julho de 2022, o percentual foi de 67,83%, e, em agosto de 2021, ficou em 63,93%.

Do Dieese

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