Acontece nesta sexta-feira (28) o último debate entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL), a partir das 21h30, na Globo. Tal confronto é considerado crucial tanto para as campanhas de ambos os candidatos.
A direção da campanha de Bolsonaro enxerga o debate da Globo como a última chance de o presidente virar o jogo. Por sua vez, Lula deve atuar para manter o jogo como está.
No geral, os candidatos devem levar ao debate os assuntos que dominaram a última semana: Lula deve pressionar Bolsonaro sobre o pacote de maldades de Paulo Guedes, que visa congelar o salário mínimo e aposentadorias, e retirar as despesas com saúde e educação da dedução do imposto de renda. O petista também deve jogar no colo do presidente o caso Roberto Jefferson e a questão da democracia.
Já o presidente Bolsonaro deve levar ao centro do debate a tese, que já foi refutada pelo Tribuna Superior Eleitoral (TSE), de que rádios da Bahia teriam deixado de veicular inserções de seu programa eleitoral e, por causa disso, foi prejudicado eleitoralmente.
Preparação para o debate
Com o objetivo de obter uma excelente performance no debate da Globo e sacramentar o seu favoritismo a vencer a disputa presidencial, o ex-presidente Lula não participou de caminhadas nesta semana e desembarca na tarde desta sexta-feira no Rio de Janeiro e não deve participar de agendas públicas. A ordem é descansar e ajustar os últimos pontos para o confronto.
Ao contrário do candidato petista, Bolsonaro chega ao debate após uma extensa agenda pública ao longo da semana: visitou três estados e um total de oito de cidades.
Tudo ou nada
Bolsonaro deve partir para o tudo ou nada no confronto com Lula, apostar em temas morais e tentar pressionar o petista.
Além de apostar em temas da chamada “agenda de costume”, Bolsonaro deve levar o caso das rádios baianas e abordar temas recorrentes nas redes sociais: que Lula e o PT são beneficiados pelo TSE e que ele é perseguido pela Justiça.
O presidente também deve apostar na retórica de outsider, ou seja, de que mesmo após 4 anos à frente do Palácio do Planalto, ele é um candidato fora do sistema e que seu adversário representa a elite.
Mas, a coordenação de campanha do presidente considera a estratégia da retórica de outsider arriscada, pois, ela pode ser considerada agressiva e afastá-lo do eleitor do centro.
O plano de Lula
Ao contrário de seu adversário, Lula deve focar a sua participação no debate em discutir temas econômicos, pois, o objetivo do petista é dialogar com os eleitores da classe média. Portanto, pautas como poder de compra, desvalorização do salário mínimo e custo de vida devem ser as seus principais assuntos.
Além de apresentar as suas propostas para a melhoria da vida do cidadão médio, Lula deve pressionar Bolsonaro sobre o pacote de maldades que ele Paulo Guedes, ministro da Economia, preparam para um eventual segundo mandato.
Apesar de Guedes ter ido à público afirmar que não vai congelar salário mínimo e aposentadorias, e que a retirada das despesas com saúde e educação trata-se de um estudo de sua equipe e não uma proposta, o PT avalia que tais temas devem gerar pressão sobre o presidente.
O caso Roberto Jefferson, que recebeu agentes da Polícia Federal a tiros de armas de fogo e granadas no último domingo (23), também deve ser explorado: Lula deve abordar a amizade entre Bolsonaro e Jefferson e, junto com esse tema, defender as instituições que balizam o Estado Democrático de Direito.
A campanha de Lula sabe que Bolsonaro vai explorar temas morais como aborto e ideologia de gênero e, ao contrário do último debate, a ordem é que o petista não perca tempo tentando se explicar, seja firme e mude a pauta.
Por fim, a orientação é para que Lula fique atento ao seu tempo para que não ocorra a mesma situação no debate da Band, quando Lula se perdeu em explicações e entregou para Bolsonaro 5 minutos para falar livremente.
Regras do debate
O debate da Globo será composto por cinco blocos, com diferentes formatos.
O primeiro e o terceiro blocos serão com temas livres e com duração de 30 minutos. Cada candidato terá 15 minutos e poderá administrar seu tempo entre perguntas, respostas, réplicas e tréplicas. O primeiro bloco será aberto por Bolsonaro e o terceiro por Lula.
Já o segundo e o quarto blocos terão os temas definidos pela produção da Globo e terão duração de 20 minutos, divididos em dois blocos de 10 minutos.
No segundo e quarto blocos, os candidatos terão cinco minutos e também terão de administrar o tempo. O segundo bloco será aberto por Lula e o quarto por Bolsonaro.
Por fim, o quinto e último bloco será destinado para as considerações finais. Lula começa e Bolsonaro encerra.