Desemprego fica abaixo da casa dos dois dígitos em 2022, mas vagas criadas foram de baixa qualidade e com perda de renda

Segundo balanço feito pelos economistas do ICL, rendimento médio do trabalhador brasileiro ainda não recuperou o patamar do começo do governo Bolsonaro (R$ 2.730)
4 de janeiro de 2023

O desemprego começou 2022 em alta em relação ao final do ano anterior e se manteve em níveis elevados ao longo de todo o primeiro trimestre do ano passado. No segundo trimestre, porém, uma leve melhora começou a ocorrer com os números saindo de 11,1% para 9,3%. A partir das medidas que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro tomou em caráter temporário, buscando melhorar sua imagem para as eleições de outubro, a taxa  de desemprego passou a apresentar quedas mais consideráveis, chegando em outubro até 8,3%. Com esses números, pela primeira vez desde 2015, a taxa de desemprego conseguiu alcançar números abaixo dos dois dígitos. Mas a melhora não se refletiu na qualidade do emprego, uma vez que a renda pouco se alterou e boa parte da mão de obra contratada de foi para vagas de baixa qualidade.

Os dados do mercado de trabalho, pesquisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foram compilados e analisados pelos economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli, no “Economia Para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado”.

“No ano passado, ocorreu uma migração dos trabalhadores que estavam trabalhando por conta própria para o setor privado, seja com carteira assinada ou de maneira informal (sem carteira assinada). Houve queda de 866 mil pessoas que trabalhavam por conta própria sem CNPJ e aumentos de 2,13 milhões de postos de trabalho com carteira assinada no setor privado e de 929 mil postos de trabalho sem carteira assinada no setor privado. Ocorreu, também, uma formalização de trabalhadores por conta própria, com o aumento de 333 mil postos CNPJs. Outro destaque foi para os trabalhadores sem carteira assinada no setor público, com incremento de 629 mil postos. O número de empregadores também aumentou no ano em 498 mil pessoas”, pontuam os economistas no documento.

desemprego

Categorias de emprego até outubro

 

Desemprego: perda de renda e precarização de direitos marcaram o mercado de trabalho no ano passado

Segundo Deborah e André, ocorreu, em 2022, um leve aumento na renda média recebida pelo trabalhador, o que acelerou principalmente a partir do segundo semestre. No começo do ano, a renda média do trabalho apresentou pouca variação, de apenas R$ 19, saindo de R$ 2.527 em janeiro e chegando a R$ 2.546 em maio.

Na sequência, com a melhora da economia e do desemprego, passaram a ocorrer melhores variações da renda, que aumentou R$ 127 entre maio e outubro, com maior aceleração registrada entre agosto e setembro, quando apresentou alta de R$ 35 em um único mês. Mesmo assim, o rendimento ainda não recuperou o patamar do começo do governo Bolsonaro, quando a renda média real era de R$ 2.730.

O rendimento médio do trabalho se elevou mais no setor privado, com alta de R$ 137 no ano para os trabalhadores com carteira assinada e de R$ 186 para os sem carteira assinada. Os empregados do setor público formalizados (com carteira assinada) e estatutários também apresentaram bons resultados, com alta de R$ 220 em sua renda média durante este ano.

Por sua vez, os trabalhadores por conta própria formalizados com CNPJ apresentaram alta expressiva, de R$ 198 durante o ano. Para as demais categorias, os ganhos foram meramente marginais, com perda inclusive para os do setor público sem carteira assinada. Neste caso, a queda na renda foi de R$ 31.

O mercado de trabalho melhorou no segundo semestre, com queda do desemprego e aumento do rendimento médio do trabalhador, principalmente devido ao setor privado e à formalização de pessoas que trabalhavam por conta própria sem CNPJ.

“Mesmo assim, a qualidade do emprego foi baixa, com salários baixos, o que fez com que a renda aumentasse, mas não alcançasse o começo do governo Bolsonaro. Além disso, boa parte dessa melhora se deu nas políticas pontuais do governo para tentar melhorar a imagem do ex-presidente para a eleição do próximo ano. A melhora, caso o governo continuasse, possivelmente acabaria em dezembro, sendo um problema para o próximo ano”, dizem os especialistas.

Para o governo que começa em 2023, o desafio é melhorar a qualidade do emprego e o nível de renda do trabalhador, mostrando não somente uma melhora no indicador de desemprego, mas, principalmente, da qualidade das vagas criadas.

Redação ICL Economia
Com informações do Economia Para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado

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