Governo prepara o Desenrola Brasil, promessa de campanha de Lula que vai incluir endividados do consignado do Auxílio Brasil

Programa quer ajudar os 80 milhões de pessoas que estão em situação de inadimplência no país, além de micro e pequenas empresas
5 de janeiro de 2023

As famílias brasileiras endividadas e aquelas que contraíram empréstimos consignados do Auxílio Brasil serão atendidas pelo programa Desenrola Brasil, de renegociação de dívidas, que também contemplará empresas inadimplentes. A informação sobre o Desenrola Brasil foi dada ontem (4) pelo ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias. O Desenrola Brasil, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), será um amplo programa de renegociação de dívidas. Há estudos para ampliá-lo a micro e pequenas empresas.

Uma das ideias em estudo é que o governo incentive empresas públicas e privadas a renegociar as dívidas com os clientes, disponibilizando um instrumento do Banco Central chamado “depósitos compulsórios”, viabilizando, assim, condições adequadas de desconto.

Dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) do ano passado mostravam que o índice de famílias endividadas no Brasil era de 78,9% em novembro. A proporção de inadimplentes seguia no recorde da série histórica, com 30,3%. Já as famílias muito endividadas no mesmo período era de 17,5%.

Dias comentou que é grave o problema dos endividados do programa Auxílio Brasil no empréstimo consignado, uma das medidas eleitoreiras de Jair Bolsonaro (PL), que potencializou ainda mais o endividamento dos beneficiários do programa, normalmente pessoas em situação de vulnerabilidade social. O ministro não mencionou o perdão das dívidas desse público, mas questionou a legalidade da operação. 

Segundo o ministro, um grupo de trabalho envolvendo vários ministérios está finalizando a proposta do Desenrola Brasil para apresentar ao presidente Lula. Fernando Haddad, da Fazenda, afirmou que o programa Desenrola Brasil ficará pronto ainda neste mês de janeiro.

Desenrola Brasil tem por objetivo cuidar de cerca de 80 milhões de pessoas no Brasil que estão endividadas

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Crédito: Envato

A proposta do Desenrola Brasil é cuidar de cerca de 80 milhões de pessoas no Brasil que estão em alguma situação de inadimplência e que precisam não só regularizar sua vida, mas também serem reintroduzidas à economia. Wellington Dias disse, em reportagem publicada no G1, que, tão logo o projeto fique pronto, o presidente o lançará o Desenrola Brasil para o país. 

Aprovado pelo Congresso Nacional em julho do ano passado, o consignado para beneficiários do Auxílio Brasil, que vai voltar a se chamar Bolsa Família, foi liberado pelo Ministério da Cidadania no fim de setembro.

O lançamento da modalidade foi uma das apostas de Jair Bolsonaro para angariar votos enquanto tentava a reeleição. A medida esteve envolta em discussões e polêmicas por trazer riscos de superendividamento para uma população vulnerável economicamente.

De acordo com a equipe de transição, R$ 9,5 bilhões foram liberados na modalidade. A propósito, a Caixa foi o banco que concedeu mais empréstimos nessa modalidade, em uma prova do uso eleitoral do banco público pelo ex-presidente.

O benefício médio do Auxílio Brasil é de R$ 600 e as parcelas do consignado não podem comprometer mais de 40% do valor. A parcela mínima é de R$ 15. A Caixa, por exemplo, cobra juros de 3,45% ao mês, com prazo máximo de pagamento de 24 meses. Essa taxa é muito superior ao cobrado em outros consignados, como de aposentados e servidores.

O problema desse tipo de empréstimo é que, além de comprometer quase metade da renda das pessoas mais pobres, não há garantia de que a pessoa continuará no programa ao longo de todo período do empréstimo e, caso seja desligado do programa social, ela terá que arcar com o valor do crédito tomado.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do portal G1

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