As ações do Magazine Luiza dispararam pouco mais de 12% ontem (24), no Ibovespa, depois que a varejista brasileira anunciou parceria com a chinesa AliExpress. A expectativa é que a parceria comece no terceiro trimestre de 2024. As negociações começaram ainda no ano passado, segundo as empresas.
Em comunicado divulgado ao mercado ontem (para ler a íntegra, clique aqui), o Magazine Luiza disse que o acordo permitirá que os produtos de ambas sejam vendidos em seus respectivos marketplaces.
“O Aliexpress passará a vender como seller do marketplace do Magalu (3P), oferecendo milhares de itens da sua linha Choice – serviço de compras premium, incluindo produtos com o melhor custo-benefício e velocidade de entrega”, diz trecho do comunicado.
“Ao mesmo tempo, o Magalu oferecerá produtos do seu estoque próprio na plataforma brasileira do Aliexpress, também complementando o sortimento oferecido por eles. Serão vendidos, inicialmente, itens das categorias de bens duráveis, nas quais o Magalu é líder de mercado no Brasil, com capilaridade logística e multicanalidade, fortalecendo também as vendas do e-commerce com estoque próprio (1P) da Companhia”, complementa.
A economista e apresentadora do ICL Mercado e Investimentos, Deborah Magagna, comentou o tema na edição desta terça-feira (25) do programa.
“É uma parceria inédita. É a primeira vez que a AliExpress se junta a uma empresa que não é da China”, disse.
Segundo Deborah, a leitura do mercado é de que a parceria deve aumentar a capilaridade das duas empresas, o que seria bom para o Magalu. Por isso as ações subiram tanto ontem.
Outro aspecto é que a parceria, na avaliação de Deborah, vem como uma forma de solucionar o problema do Remessa Conforme, programa da Receita Federal que isentava de cobrança de tributos federais compras de até US$ 50 das varejistas inscritas, e que provocou muitas críticas do varejo brasileiro.
“O que elas vão fazer aqui foi quase um ‘se não pode vencer, junte-se a ele!'”, pontuou a economista do ICL.
Isso porque, depois de muito lobby do varejo brasileiro no Congresso, foi aprovada a reinclusão da taxação de 20% em compras internacionais de até US$ 50, conhecida como “taxa das blusinhas”. A medida faz parte do PL (Projeto de Lei) nº 914/2024, que institui o Mover (Programa de Mobilidade Verde e Inovação).
Para analistas, parceria Magazine Luiza-AliExpress pode elevar o faturamento de ambas, mas também traz desafios
Na visão de analistas, o acordo pode elevar o faturamento de ambas, mas pode também trazer desafios importantes de governança e em relação às cobranças de taxas e impostos.
Na avaliação deles, a alta inicial das ações se trata mais de um “movimento especulativo” do mercado sobre os valores a serem gerados com a parceria, mas isso só será possível medir mesmo no futuro.
Por outro lado, apontam que entre os desafios está a governança das companhias, principalmente por virem de dois países com culturas completamente diferentes.
Ao g1, Marcos Duarte, da Nova Futura Investimentos, apontou a cobrança de taxas e impostos como mais um desafio, principalmente após a aprovação da taxação de compras internacionais de até US$ 50 pelo Congresso Nacional.
Na avaliação dele, a dificuldade desse aspecto está na manutenção e na ampliação da margem de lucro do Magalu, uma vez que taxas e impostos encarecem o produto ao consumidor e dificultam a distribuição de lucros aos investidores.
“Como a taxação de produtos é uma medida impopular, outro desafio da empresa é mostrar que, mesmo com a taxação, os produtos são eficientes e ‘geradores de resultados'”, disse. “Gestores da empresa ainda poderão esclarecer os próximos passos e tirar muitas dessas dúvidas.”
A logística também foi apontada como um desafio por João Daronco, analista da Suno Research. “À medida que essas barreiras vão sendo superadas, especialmente do ponto de vista operacional, as empresas devem, sim, ter bons ganhos”, disse. “O ânimo inicial vem daí: uma nova vertente, com fluxo e uma boa taxa de conversão, pode gerar alavancagem nas vendas.”
Assista ao comentário de Deborah Magagna no vídeo abaixo:
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e g1