Por duas vezes consecutivas, em 2021 e 2022, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, descumpriu as metas de inflação apesar de manter uma política monetária bastante austera, com juros básicos lá em cima. Ainda assim, ele recebeu na última quinta-feira (24), pela terceira vez, o prêmio de melhor presidente de banco central do mundo concedido pela organização internacional representante do neoliberalismo LatinFinance.
“Ele é um presidente de banco central que conseguiu a façanha de não cumprir a própria meta por dois anos consecutivos, aliás, ele ganhou o prêmio descumprindo a meta. Este ano, ele corre o risco de não cumprir de novo”, disse o economista e coapresentador do ICL Mercado e Investimentos, André Campelli, na edição de sexta-feira (25) do programa.
Atualmente, a taxa básica de juros (Selic) está em 10,75% ao ano, um dos maiores patamares do mundo. Ao longo de seu mandato – exceto na pandemia de Covid-19, quando baixou os juros -, Campos Neto vem conduzindo uma política monetária bastante austera, o que prejudica a retomada econômica.
“Campos Neto foi o pior presidente de banco central desde o começo do Plano Real. Não entendo por que ganha prêmio de novo”, criticou André.
Deborah Magagna, economista e coapresentadora do programa, comentou a fala de Campos Neto ao receber a premiação, ocasiões em que sempre reforça a autonomia do BC.
“A grande questão é: independente de quem? O presidente do BC continua tendo uma grande dependência da Faria Lima e do mercado financeiro”, apontou Deborah.
O Banco Central teve sua autonomia aprovada em 2021. Isso permite, por exemplo, que o mandato do presidente da autoridade monetária não convirja com o do presidente da República. Campos Neto, por exemplo, foi alçado ao posto ao posto por Paulo Guedes, ex-ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro (PL). Mesmo com a derrota de Bolsonaro, ele permaneceu no cargo, recebendo muitas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela condução da política monetária e pelo seu comportamento político.
O mandato dele à frente do BC termina em 31 de dezembro deste ano. Ele será substituído pelo diretor de Política Monetária da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, indicado por Lula e aprovado pelo Senado para assumir o posto a partir de janeiro de 2025.
Veja os comentários de Deborah e André no vídeo abaixo:
Redação ICL Economia
Com informações do ICL Mercado e Investimentos