Eduardo Moreira: ‘Demissão de Prates da Petrobras é mais uma vitória do Centrão e da Faria Lima’. Estatal perdeu R$ 34 bilhões em valor de mercado

Economistas apresentadores do ICL Mercado e Investimentos apontam os problemas que a companhia pode ter com a indicação de Magda Chambriard ao cargo.
16 de maio de 2024

Um dia após a demissão de Jean Paul Prates no comando da Petrobras, a estatal perdeu R$ 34 bilhões em valor de mercado ontem (15). A petroleira encerrou o pregão da Bolsa brasileira com um valor de mercado de R$ 509 bilhões, contra R$ 543 bilhões de anteontem (14).

A demissão de Prates agitou o mercado financeiro ontem. A empresa é uma das mais importantes do Ibovespa, e a queda das ações da petroleira ajudou a derrubar o principal indicador da B3.

A demissão de Prates foi feita pessoalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na noite de terça-feira. O ex-CEO da estatal era desafeto dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), mas Lula estaria descontente com a demora de Prates em entregar resultados. A gota d’água teria sido a questão da distribuição dos dividendos extraordinários (entenda o imbróglio clicando aqui).

Além disso, a demissão dele ocorreu um dia após a empresa ter divulgado o resultado do primeiro trimestre, em que anunciou queda de 37,9% nos lucros, principalmente devido à desvalorização cambial.

Para o lugar de Prates, o nome cotado é o de Magda Chambriard, servidora de carreira da estatal e que foi diretora-geral da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis). Ela é conhecida por defender a exploração de petróleo na Foz do Amazonas e ser contra a privatização da empresa.

O economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, criticou a demissão de Prates, especialmente pela forma como foi: na reunião convocada por Lula em que ele foi demitido, estavam presentes os ministros desafetos de Prates (Rui Costa e Alexandre Silveira) e ele teria saído humilhado.

“O Alexandre Silveira é um nome indicado pelo Centrão – Kassab e Pacheco [Gilberto Kassab e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado] – um ministro que não tem histórico nenhum na área de óleo e gás, um ex-delegado da Polícia Federal, do PSD (…). Essa [demissão de Prates] foi mais uma vitória do Centrão, o que significa que é mais uma vitória da Faria Lima”, disse Moreira na edição de ontem do ICL Notícias 1ª edição.

Moreira lembrou que o Centrão, grupo político liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), “ganhou o ministério dos Esportes e as apostas (as bets), a Caixa Econômica Federal” e, lá atrás, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), “o Centrão ganhou, junto com a Faria Lima, o direito de privatizar a Eletrobras. E, agora, o Centrão ganha a Petrobras”, disse.

Agora, com a Petrobras, “a carteira mais recheada do Brasil, recheada com centenas de bilhões de dólares”, Moreira disse que essa carteira estará, agora, “nas mãos de Pacheco, Kassab e a turminha do Centrão”.

Economista do ICL pontua que indicada ao cargo na Petrobras ‘toma petróleo no café da manhã’

Na edição do ICL Mercado e Investimentos de ontem, os economistas apresentadores do programa, Deborah Magagna e André Campedelli, abordaram uma linha histórica a respeito de quando os problemas com Prates começaram até a sua demissão anteontem.

“Estão fritando o Jean Paul Prates há algum tempo. Em 28 de fevereiro, por exemplo, ele deu entrevista sinalizando a intenção de a Petrobras se tornar referência energética, e o mercado não gostou porque não traria um ganho rápido para o mercado”, lembrou Deborah.

Campedelli, por sua vez, apontou para os problemas de uma possível nomeação de Magda Chambriard, alguém que, segundo ele, “toma petróleo no café da manhã”.

“O que mais me preocupa é que a gente passou agora, ainda mais em um momento simbólico em que estamos tendo uma catástrofe, uma tragédia terrível no Rio Grande do Sul por causa de fatores climáticos, a gente pega a nossa maior empresa petrolífera que estava voltada a liderar a transição energética brasileira, usar cada vez menos carbono, e você joga tudo isso fora e coloca uma pessoa que quer tomar petróleo no café da manhã”, disse.

Segundo ele, a cotada a assumir a vaga defende a ideia de que “empresa petrolífera tem que extrair petróleo, que a gente tem que usar petróleo até a última gota – e isso é um absurdo!”, criticou.

Assista aos comentários completos dos economistas do ICL Mercado e Investimentos no vídeo abaixo:

Redação ICL Economia
Com informações do ICL Notícias 1ª edição e ICL Mercado e Investimentos

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