A Eletrobras registrou prejuízo de R$ 88 mil no terceiro trimestre completo após sua privatização, contra um lucro de R$ 965 milhões obtido no mesmo período do ano anterior. Segundo a companhia informou, o resultado reflete uma série de provisões contra perdas e efeitos da deflação nos contratos de transmissão de energia. A privatização da Eletrobras foi o maior movimento de desestatização do País em duas décadas. A fatia do governo e do BNDES no negócio caiu cerca de 35%. E, agora, completo um trimestre, o resultado, já em mãos da iniciativa privada, deixa a desejar, quando comparado aos três meses anteriores, quando ainda era estatal.
No esforço para tentar reduzir riscos, a empresa decidiu provisionar R$ 470 milhões para possíveis perdas com inadimplência da Amazonas Energia e R$ 588 milhões para possível perda em processo contra a Chesf por atraso em linha de transmissão. A Eletrobras também foi impactada por efeitos da deflação sobre seus contratos de transmissão de energia. Segundo o balanço, o IPCA negativo teve impacto de R$ 1,9 bilhão no resultado do trimestre.
Após comunicar prejuízo no terceiro trimestre, Eletrobras faz plano de demissão voluntária
A redução de passivos e a mitigação de riscos de perdas judiciais são pilares da nova estratégia da companhia, segundo disse Wilson Ferreira Junior em sua primeira entrevista após retomar o cargo como presidente da companhia. A ideia é tentar dar mais previsibilidade aos números, de acordo com ele.
Assim, a receita caiu 13% em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a R$ 8 bilhões. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa de uma companhia, caiu 36%, para R$ 3,2 bilhões. No balanço, a empresa informa forte liquidez no terceiro trimestre, com disponibilidade de R$ 16,8 bilhões e realização de investimentos de R$ 990 milhões.
Após revisão de sua estratégia, o foco da Eletrobras é na comercialização de energia no mercado livre, redução de custos e despesas, perspectiva de crescimento, redução de passivos e eficiência tributária, informou a presidência em reportagem publicada pela Folha de S Paulo.
Para reduzir custos, a empresa já lançou um novo plano de demissão voluntária para empregados aposentados ou que atingirão as condições de se aposentar até 30 de abril de 2023. São 2.312 trabalhadores nessa condição tanto na holding como em suas subsidiárias.
A empresa estima que o plano vai custar R$ 1 bilhão, com a quitação de direitos e incentivos, como o pagamento de nove salários e de gastos equivalentes a três anos de plano de saúde e um ano de auxílio-alimentação.
A nova direção da Petrobras informou não acreditar na reestatização da companhia no atual governo. O processo de capitalização incluiu uma cláusula, conhecida como “poison pill”, que dificulta a recuperação da posição majoritária. No caso específico da Eletrobras, o poison pill é quase três vezes o valor negociado na Bolsa. O custo é bem alto.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias