Grande parte dos endividados brasileiros contraiu as dívidas com crédito concedido quando trabalhavam formalmente. Dentro dessa população, 61% fazem rodízios de contas para escolher quais delas vão pagar. A informação é de Renato Meirelles, fundador do Instituto Locomotiva e do Data Favela, entrevistado do podcast O Assunto, que tratou do Desenrola Brasil, programa anunciado pelo governo federal para renegociar débitos de pessoas com dívidas de até R$ 5 mil.
A medida provisória que implementa o programa foi assinada na última segunda-feira (5) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A iniciativa terá sua MP editada agora para entrar em vigor a partir de julho, permitindo o perdão de dívidas de até R$ 100 e a renegociação de débitos naquele valor para pessoas que ganham até dois salários mínimos. A expectativa é que o Desenrola beneficie até 70 milhões de brasileiros e brasileiras.
O fundador do Instituto Locomotiva lembrou que a pandemia de Covid-19 contribuiu para tornar as famílias mais endividades, prejudicando principalmente os brasileiros que integram as classes D e E.
“Nós estamos falando de uma parcela que tem a maior participação da sua renda reservada para alimentação. Nós todos sabemos que a inflação de alimentação liderou o crescimento inflacionário do Brasil nos últimos anos… Isso acaba com a ideia de que as pessoas estão inadimplentes porque são perdulárias”, disse.
Pelas contas dele, 3 com cartão de crédito”, fazendo varejistas “venderem mais e, assim, contratar mais gente”.
Na avaliação dele, o Desenrola Brasil deve ser encarado “como auxílio aos mais necessitados” e como “estímulo a um ciclo econômico virtuoso”.
Endividados brasileiros: diretor do Banco Central diz que instituição estuda medidas para reduzir taxas cobradas pelos cartões de crédito
O diretor de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Renato Gomes, disse que a instituição quer desenvolver medidas para reduzir as taxas cobradas pelos cartões de crédito, com iniciativas que podem envolver um disciplinamento da emissão de cartões e estímulos ao uso mais racional do produto pelos consumidores. As informações são da agência Reuters e foram reproduzidas pelo site Brasil 247.
Em entrevista à imprensa para comentar o Relatório de Economia Bancária do BC, ele afirmou que o tema está sendo estudado em grupo de trabalho com o Ministério da Fazenda e bancos, e que a ideia é incluir mais atores no debate, em um projeto que levará “no mínimo meses” e ainda será submetido a consultas públicas.
“O interesse do Banco Central é desenvolver medidas estruturais que gerem os incentivos corretos para que o produto cartão de crédito exiba taxas menores no rotativo, seja mais racional, que a gente minimize subsídios cruzados e seja um produto com maior clareza para o consumidor”, afirmou Gomes.
Ele ressaltou que no período recente houve um aumento grande de emissão de cartões de crédito, com consumidores por vezes adquirindo vários cartões e sofrendo choques negativos de renda ao se endividarem, em processo que levou a um aumento expressivo da inadimplência.
“Em grande parte, o aumento da taxa de juros do rotativo que ocorreu recentemente reflete um aumento da inadimplência”, afirmou.
Ele ainda disse que o BC não participou da elaboração do programa Desenrola Brasil, mas a autoridade monetária vai avaliar o impacto do programa sobre o crédito e a inadimplência.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias, do G1 e do Brasil 247