Energia no Brasil pode ficar mais cara com acordo do gás entre EUA e Europa

O Brasil precisa do gás para gerar energia elétrica por meio das usinas termelétricas nos períodos de estiagem
28 de março de 2022

Os EUA se comprometeram a fornecer ao menos 15 milhões de metros cúbicos de gás até o fim de ano para a União Europeia como forma de reduzir a dependência energética dos países europeus com a Rússia, país responsável por fornecer 40% do gás consumido pelo bloco. O acordo prevê volumes crescentes até 2030. O anúncio foi feito na última sexta-feira (25).

Este acordo dos Estados Unidos com a União Europeia dever manter os preços do GNL (gás liquefeito, em estado líquido) em alta pelos próximos anos e pode impactar o preço da energia elétrica no Brasil, segundo especialista do setor, ouvidos em reportagem da Exame. Isso porque o Brasil importa GNL dos EUA e usa esse gás como combustível para as usinas termelétricas.

Os especialistas projetam que o valor do GNL se mantenha no atual patamar, na faixa dos US$ 20 por milhão de BTU até pelo menos 2028. É o dobro da média do primeiro semestre de 2021. Em janeiro deste ano, o preço chegou a US$ 30 por milhão de BTU — e no começo da guerra da Ucrânia marcou US$ 65 por milhão de BTU.

Com o acordo com a UE, o Brasil e os países da América Latina tendem a deixar de ser prioridade na rota de venda do GNL dos EUA.

Termelétricas

A questão é que se o Brasil passar por novo período de seca, com baixa nos reservatórios de água das usinas hidrelétricas e precisar comprar mais GNL para acionar as termelétricas, isso se refletirá no valor da energia elétrica paga por todos os brasileiros.

O preço da conta de luz aumenta porque, quando as termelétricas são acionadas, o custo da geração de energia aumenta e a bandeira tarifária muda, já que as condições de produção ficam menos favoráveis. Essa avaliação das condições de geração de energia no país é feita pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). É ele que define a melhor estratégia de geração de energia para atendimento da demanda, define a previsão de geração hidráulica e térmica, além do preço de liquidação da energia no mercado de curto prazo.

O país está atualmente sob a vigência da “bandeira tarifária escassez hídrica”, que  entrou em vigor em 2021 e adiciona R$ 14,20 às faturas para cada 100 kW/h consumidos. A previsão inicial da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) é que a nova bandeira permanecesse em vigor até 30 de abril de 2022. Isso contribui muito para a alta da inflação, principalmente das famílias mais vulneráveis.

Segundo a Petrobras, o GNL responde por cerca de 27% da oferta de gás no Brasil. É um patamar semelhante ao importado pela Bolívia. O restante vem da produção nacional. Em 2021, 93% do GNL importado pelo Brasil veio dos EUA. Na estimativa da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o volume de importação de GNL subiu 42% nos dois primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Redação ICL Economia
Com informações da Exame e agências

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