Guedes afirma que governo pode recorrer ao estado de calamidade pública para manter os R$ 600 do Auxílio Brasil

Instauração do estado de calamidade, via PEC, permitiria ao governo furar o teto de gastos e continuar com o pagamento de R$ 600,00 em 2023
2 de setembro de 2022

Após o governo Jair Bolsonaro (PL) ser criticado por enviar a proposta de Orçamento de 2023 com um Auxílio Brasil de R$ 405,00 , o ministro Paulo Guedes (Economia) disse na quinta-feira (1º) que pode recorrer ao estado de calamidade pública para manter o valor mínimo de R$ 600 no próximo ano caso a Guerra da Ucrânia se estenda. O envio do Orçamento com um valor menor para o Auxílio Brasil tem sido explorado pela campanha do candidato e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Todas as medidas da PEC dos Auxílios, incluindo o Auxílio Brasil no valor de R$ 600,00,  valem apenas até o final de 2022. A aprovação da medida foi a tentativa desesperada de Bolsonaro melhorar sua imagem em meio a grave crise econômica e ganhar votos para a reeleição.

O ministro Paulo Guedes disse para a reportagem da Folha de S. Paulo “É evidente que nós vamos pagar. Tem uma solução temporária. Se a guerra da Ucrânia continua, prorroga o estado de calamidade e aí você continua com R$ 600”, em defesa das promessas do presidente.

Em junho, uma ala do governo Bolsonaro defendeu um novo decreto de calamidade pública -situação excepcional que vigorou durante a crise de Covid-19.

No entanto, a opção sobre a calamidade pública enfrentou resistência de diversos técnicos (sobretudo do Ministério da Economia), que não viam no conflito na Europa uma justificativa plausível para uma medida tão drástica.

A solução encontrada sobre a calamidade pública foi a instituição do estado de emergência via PEC (proposta de emenda à Constituição), que permitiu ao governo furar o teto de gastos e abrir os cofres públicos para o pagamento de benefícios sociais turbinados à população a poucos meses das eleições.

A autorização dada pela PEC se estende até o fim do ano. Por isso, tecnicamente não há como prorrogar o estado de emergência sem a aprovação de uma nova PEC, saída rechaçada nos bastidores por técnicos que preferem o encaminhamento de uma solução estrutural.

A mensagem presidencial encaminhada junto com o projeto orçamentário contém a promessa de Bolsonaro de buscar a retomada dos R$ 600, mas sem detalhar como isso será feito.

Estado de calamidade tem sido usado de maneira eleitoreira pelo atual governo. Enquanto isso, reforma do Imposto de Renda segue parada no Senado

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Crédito: Agência Brasil / Marcello Casal Jr

Na proposta de Orçamento, foram reservados R$ 105,7 bilhões para o programa Auxílio Brasil, o suficiente para bancar o piso de R$ 400 a 21,6 milhões de famílias. Segundo o Ministério da Economia, o benefício médio ficará em R$ 405,21.

Para manter o Auxílio Brasil de R$ 600 caso o conflito no Leste Europeu chegue ao fim, Guedes disse ser preciso ter uma solução estrutural e permanente.

Segundo o ministro da Economia, a Câmara já aprovou o imposto sobre lucros e dividendos. Isso daria R$ 69 bilhões. Ou seja, dá perfeitamente para fazer um reajuste da tabela de IR (Imposto de Renda) de R$ 17 bilhões e mais os R$ 52 bilhões do auxílio. Se fizer isso, está tudo certo”.

No entanto, a reforma do Imposto de Renda, que, entre outros pontos, retoma a tributação sobre lucros e dividendos distribuídos a pessoas físicas está parada no Senado

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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