Falta de petróleo da Rússia deve contribuir para redução de crescimento global

Perda de exportações de petróleo da Rússia para os mercados globais não podem ser subestimadas
16 de março de 2022

A perspectiva de interrupções, em larga escala, na produção de petróleo na Rússia, após a invasão à Ucrânia, está ameaçando criar um choque global de oferta de petróleo. Segundo análise publicada pela International Energy Agency (IEA), no relatório Oil Market Report (OMR) que acaba de ser divulgado, a estimativa é de que, a partir de abril, a produção russa de 3 milhões de barris de petróleo possa ser encerrada, à medida que as sanções são impostas ao país e os compradores evitem as exportações. Diante deste cenário, se mantida a alta dos preços do petróleo e das “commodities”, haverá um impacto marcante na inflação e no crescimento econômico mundial, com perspectiva de redução do Produto Interno Bruto (PIB) e demanda por petróleo, de acordo com o relatório OMR.

A Rússia é o maior exportador de petróleo do mundo, enviando 8 milhões de barris por dia de produtos petrolíferos brutos e refinados para clientes em todo o mundo. Com as sanções internacionais contra a Rússia, após a invasão do Ucrânia, a demanda por petróleo foi revisada para baixo em 1,3 milhão de barris por dia entre o segundo trimestre 2022 e quarto trimestre de 2022. Ou seja, a quantia de 950 mil barris por dia de petróleo menor do que estava sendo esperado, em média, para 2022.

Com o petróleo da Rússia, esperava-se a retomada da atividade econômica global de 3%. Agora, com as sanções impostas pós invasão da Ucrânia, o relatório traz a estimativa de 2%.

Por enquanto, estima-se o bloqueio de 3 milhões de barris de petróleo por dia a partir de abril, mas as perdas podem aumentar se as restrições ou a condenação pública aumentarem. Até o momento, excluem o comércio de energia em sua maior parte, mas grandes empresas petrolíferas, tradings, empresas de navegação e bancos se afastaram de fazer negócios com o país. 

O petróleo russo continua a fluir, por enquanto, devido a acordos e negócios a prazo feitos antes de Moscou enviar suas tropas para a Ucrânia, mas os novos negócios praticamente secaram. O petróleo dos Urais está sendo oferecido com descontos recordes, com aceitação limitada até agora.

Alguns importadores asiáticos de petróleo mostraram interesse nos barris muito mais baratos, mas na maioria das vezes estão aderindo a fornecedores tradicionais no Oriente Médio, América Latina e África para a maior parte de suas compras.

As refinarias, particularmente na Europa, estão lutando para obter suprimentos alternativos e correm o risco de reduzir a atividade no momento em que os mercados de produtos petrolíferos muito apertados atingem os consumidores. Há poucos sinais de aumento da oferta proveniente do Oriente Médio ou de uma realocação significativa dos fluxos comerciais.

No momento, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) está cumprindo seu acordo de aumentar a oferta em valores mensais modestos. A organização concordou em 2 de março em manter um modesto aumento de produção programado de 400 kb/d para abril.

Apenas a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos possuem capacidade ociosa substancial que poderia ajudar imediatamente a compensar um déficit russo. Mas, até o momento, não mostram vontade de explorar as próprias reservas. Já as perspectivas de quaisquer suprimentos adicionais do Irã podem demorar meses.

Fora da aliança OPEP, o crescimento poderia vir dos EUA, Canadá, Brasil e Guiana, mas qualquer potencial positivo de curto prazo é limitado.

Na ausência de um aumento mais rápido da produção, os estoques de petróleo terão que equilibrar o mercado nos próximos meses.

Importante ressaltar que, mesmo antes do conflito, os ataques da Rússia à Ucrânia, os estoques de petróleo da indústria estavam se esgotando rapidamente.

No final de janeiro, os estoques da OCDE estavam 335 mb abaixo da média de cinco anos e nas mínimas de oito anos. Dados preliminares para os EUA, Europa e Japão indicam que os estoques da indústria caíram mais 29,8 mb em fevereiro.

Há ações que governos e consumidores podem tomar para reduzir a demanda de petróleo de curto prazo para aliviar as tensões. A International Energy Agency (IEA) deve publicar novas recomendações.


Com informações da International Energy Agency (IEA) / Oil Market Report (OMR)

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