Número de famílias com dívidas cai pelo 2º mês seguido, mas inadimplência preocupa

Percentual de famílias com dívidas caiu de 77,4% em julho para 75,4% em agosto. A inadimplência das famílias com dívidas, porém, cresceu em todas as faixas de renda nas comparações mensal e anual
6 de setembro de 2023

Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada na terça-feira (5), mostram que o percentual de famílias com dívidas no país a vencer caiu 0,7 ponto porcentual em agosto para 77,4%, informou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Com isso, o volume de endividados chegou ao menor nível desde junho de 2022. Pesquisa elaborada pela  Genial/Quaest mostra que 46% dos brasileiros endividados gasta mais da metade do salário para pagar dívidas. 

Apesar da melhora no cenário, o grau de inadimplência das famílias com dívidas se agravou: o volume de consumidores com dívidas atrasadas subiu de 29,6% em julho para 30% em agosto. Esta é a maior proporção desde novembro de 2022, com 3 em cada 10 pessoas endividadas indicando algum compromisso atrasado.

Já o volume de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar dívidas de meses anteriores saltou de 12,2% para 12,7% na mesma comparação. Esse é o maior nível para o indicador na série histórica da Peic, iniciada em janeiro de 2010.

De acordo com a economista responsável pela Peic, Izis Ferreira, dois pontos contribuem para essa redução. “Um contexto mais benigno de inflação mais baixa em comparação com o ano passado e um mercado de trabalho resiliente, absorvendo pessoas de menor grau de instrução. Isso tem levado as pessoas a terem uma folga no orçamento, e um volume menor delas busca o crédito como meio para o consumo de bens e de serviço.”

No entanto, ela afirma que, com juros elevados e maior quantidade de dívidas a vencer, as famílias com dívidas ainda encontram dificuldade de quitar os compromissos em aberto há mais tempo, com o avanço das despesas com juros.

Juros altos fazem com que famílias com dívidas caiam na inadimplência

famílias pobres, reforma tributária, manifesto pela reforma, boletim focus, alta do pib, sesc e senac, teto de gastos, arrecadação; contas públicas, contas externas, alíquotas do icms, mercado financeiro, crescimento da economia, reforma tributária, boletim focus, relatório focus, alíquota do ICMS, inflação, ipca, voto de desempate, famílias com dívidas

Crédito: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Já para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a queda do endividamento é um “sinal positivo”, de que mais famílias estão conseguindo controlar melhor as dívidas e ajustar os orçamentos. “Mas a taxa de juros elevada e o crédito caro ainda são empecilhos”, afirma em nota. 

Para os próximos meses, a CNC estima que a proporção de consumidores endividados continuará a cair, chegando a cerca de 77% em setembro. Mas a tendência é de que o endividamento volte a crescer na reta final de 2023, encerrando 2023 próximo de 78% do total de famílias no país.

A Peic de agosto também destaca que o endividamento está em declínio tanto no mês quanto no ano entre os consumidores de diferentes faixas de renda, com destaque para a queda mais significativa entre aqueles com renda entre 5 e 10 salários mínimos. Nesse grupo, o porcentual de endividados caiu de 77,4% em julho para 75,4% em agosto. A inadimplência (dívidas atrasadas), porém, cresceu em todas as faixas de renda nas comparações mensal e anual.

Quanto às modalidades de dívida, a pesquisa identificou redução do número de endividados no cartão de crédito em agosto, com 85 5% dos endividados, ante os 85,9% em julho. Essa é a segunda queda consecutiva, colocando o indicador no menor nível desde agosto do ano passado.

Também é possível observar uma leve redução, de 0,1 ponto porcentual, do volume de endividados no cheque especial, para 4 1%, e no crédito consignado, para 5,1%.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.