Após inflação alta, acima do esperado em maio, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, elevou a taxa de juros em 0,75 ponto percentual, para a faixa de 1,5% a 1,75%. A decisão de política monetária foi anunciada nesta quarta-feira (15), em acordo com o que era esperado pelo mercado. É o maior aumento desde 1994.
A votação para a elevação da taxa de juros contou com 10 votos a favor e apenas um contra. Para os integrantes do comitê, a inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços, apontou o comitê. Somente Esther George, presidente do Fed de Kansas City, discordou da maioria ao votar a favor de um aumento de meio ponto percentual da taxa de juros.
Segundo o comunicado divulgado, o comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. “O comitê está preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir o alcance dos objetivos”. A última reunião do Fed, realizada em 3 e 4 de maio, havia elevado em 0,50 ponto percentual a taxa de juros.
Autoridades do BC americano indicaram uma trajetória mais rápida de aumentos nos custos de empréstimos à frente, alinhando mais de perto a política monetária com uma mudança rápida nesta semana nas visões do mercado financeiro sobre o que será necessário para controlar as pressões de preços.
Os integrantes do Fomc ainda destacaram que os desafios e objetivos da economia continuam os mesmos das últimas reuniões. “A invasão da Ucrânia pela Rússia está causando enormes dificuldades humanas e econômicas. A invasão e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e estão pesando sobre a atividade econômica global.
Além disso, os bloqueios relacionados à pandemia na China provavelmente exacerbarão as interrupções na cadeia de suprimentos”, explica o comunicado, ao assegurar que Fed está “altamente atento aos riscos inflacionários”.
O Fed também divulgou projeções atualizadas de todos os 18 membros para o crescimento econômico, inflação, desemprego e taxas de juros para os próximos anos. Os integrantes da autoridade monetária agora preveem, na mediana, a taxa de juros encerrando 2022 a 3,4%, versus uma projeção de 1,9% em março.
Previsão dos participantes da reunião do Fed é de que a taxa de juros alcance, pelo menos, 3% em 2022
Em comunicado, o BC americano reforçou que está fortemente comprometido em devolver a inflação ao seu objetivo de 2%. Para isso, todos os 18 participantes da reunião esperam que o Fed aumente as taxas para pelo menos 3% este ano.
Para o fim de 2023, a visão é de juros a 3,8% (2,8% anteriormente). Já para 2024, em 3,4% (2,8%); os juros a longo prazo tiveram um leve aumento de 2,4% para 2,5%.
As projeções para a atividade econômica foram revistas para baixo: a mediana para crescimento do PIB em 2022 passou de 2,8% em março para 1,7% agora em junho; para 2023, foi cortada de 2,2% para 1,7% e, para 2024, de 2% para 1,9%. Para o longo prazo, a projeção foi mantida para um avanço da atividade de 1,8%.
Já a mediana para a taxa de desemprego para 2022 passou de 3,5% em março para 3,7% em junho; para 2023, projeção foi revisada de 3,5% para 3,9%. A inflação ao consumidor (medida pelo PCE) ficou com projeção de mediana de alta de 5,2% em 2022, 2,6% em 2023 e 2,2% em 2024, com 2,0% no longo prazo, dentro da meta estabelecida pelo Fed.
O comitê sinalizou ainda que continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas, conforme já descrito nos planos para reduzir o tamanho do balanço do Federal Reserve que foram emitidos em maio.
Segundo o que foi decidido, o Fed vai “conduzir operações de acordo de recompra reversa a uma taxa de oferta de 1,55% e com um limite por contraparte de US$ 160 bilhões por dia; o limite por contraparte pode ser aumentado temporariamente a critério do presidente (Powell)”.
Após a reunião do Fomc, Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou, durante a coletiva, que o cenário atual é de inflação exageradamente alta e de mercado de trabalho muito apertado. “Estamos trabalhando duramente para trazer a inflação para baixa e usaremos todas as ferramentas que precisarmos e recursos que temos para isso”, disse.
“Demanda e consumo continuam forte mas, do outro lado, investimentos minguaram”, complementou. O presidente do Federal Reserve vê, no entanto, que o aperto das condições monetárias, com novas altas de juros e redução de balanço, devem conter a demanda.
Segundo o presidente do Fed, disrupções na cadeia global de produção são mais severas e estão durando mais do que o esperado – com destaque para os impactos dos fechamentos da China – o que são riscos para a inflação.
Powell “afirmou que espera que altas de 0,75 ponto não sejam comuns”. Ele ainda destacou que o “Federal Reserve está comprometido em oferecer ao mercado clareza sobre decisões”. Segundo o presidente da instituição financeira, as atuais condições econômicas cobram que o banco central americano comunique melhor suas visões para o mercado.
Para o presidente do Fed, a taxa de juros americana entre 3,5% e 4% em 2023 seria apropriada para colocar inflação sob controle. O presidente do Federal Reserve, após isso, espera que a taxa retorne a algo entre 2% e 2,5%. “Se dados vierem melhor, não aumentaremos mais, se vierem pior, seremos mais duros”, afirmou.
O foco agora será balancear a demanda e o mercado de trabalho, utilizando suas ferramentas monetárias para isso – mas incertezas quanto à guerra na Ucrânia e restrições na China vem dificultando o trabalho, apontou.
Powell afirma que ainda não tem total ciência de quão restritivo o Fed terá de ser. “Onde a taxa de juros irá parar, por enquanto, é a grande questão”, disse.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias