O Fed (Federal Reserve), o banco central da dos Estados Unidos, deve anunciar, nesta quarta-feira (12), a manutenção das taxas de juros por lá, em uma faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. Muito mais do que a decisão, no entanto, os analistas do globo aguardam a tradicional coletiva do presidente da autoridade monetária estadunidense, Jerome Powell, que normalmente emite sinais do que se pode esperar daqui para a frente.
De acordo com o CME FedWatch, 99,4% do mercado aposta na manutenção dos juros na reunião de hoje. Para a reunião de julho, 91,1% enxergam também que as taxas fiquem paradas.
Em setembro, no entanto, 48,3% já enxergam um corte, enquanto 47,4% veem o Fed ainda parado.
A decisão do Fed não é qualquer decisão. Trata-se da maior economia do mundo e, em um planeta globalizado, isso diz respeito ao Brasil também.
Isso porque as taxas de juros altas na maior economia do mundo significa retirar recursos de países emergentes, como o Brasil. Os ativos norte-americanos são considerados os mais sólidos do mundo, ou seja, o país é considerado o de menor risco aos investidores.
Portanto, quando o Fed decide manter as taxas em um patamar mais elevado, significa que os investidores preferem manter seus ativos por lá. Por isso, não importa que a taxa básica de juros no Brasil, a Selic, esteja em 10,50%, o que significa que o Brasil paga mais pelo investimento nos títulos do Tesouro.
Além disso, juros mais altos por lá fortalece o dólar, com o dinheiro ficando nos EUA, e gera fluxos menores para ativos considerados de risco, como o do Brasil, o que enfraquece as bolsas.
O economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, já fez avaliações sobre o quanto as decisões da política monetária nos EUA afetam a economia global.
“A taxa de juros dos EUA é uma taxa de referência para as demais. Essa taxa define quanto pagam os títulos do tesouro americano, os quais o mundo inteiro usa para guardar as suas reservas. Esses são os títulos considerados mais seguros do mundo”, disse.
Essa decisão traz implicações principalmente para o mercado financeiro. Um dos termômetros desse cenário foi dado pela B3, a Bolsa brasileira.
De janeiro a abril deste ano, investidores estrangeiros já haviam retirado R$ 30 bilhões da B3. Também temos acompanhado várias quedas do Ibovespa, movimento que tem sido provocado muito mais pelo cenário externo do que interno.
Investidores estão mais preocupados com que o Federal Reserve fará no futuro
O que o Fed fará no presente já está precificado. A dúvida é, o que a autoridade monetária norte-americana fará no futuro. Por isso a fala de Jerome Powell é considerada relevante.
“É amplamente esperado que a taxa de juros seja mantida, não há muita dúvida quanto a isso. O elemento de destaque, então, fica para a comunicação. Novas altas não estão em discussão por agora e o mais importante é a revisão das projeções, do gráfico de pontos”, disse André Diniz, economista da Kinea, ao site InfoMoney.
“Se o Fed antecipar no gráfico que ele espera só um corte, a tendência é que a curva de juros do mercado fique mais próximo desse um corte. Você teria um aumento na taxa de juros esperada para o fim do ano. Mas se o Fed mantiver ou fizer um ajuste mais marginal, mudando só de três para dois cortes esse ano, por exemplo, aí deveria ser algo que impacta um pouco menos”, explica.
Dados macroeconômicos recentes mostraram que a economia norte-americana está desacelerando, enquanto outros jogaram dúvidas sobre isso.
O Fed tem mantido a taxa de juros elevada, pois está perseguindo uma meta de inflação de 2% ao ano. Mas o indicador anual tem se mantido cima disso, dado que a economia norte-americana continua aquecida, o que gera pressões inflacionárias.
Ou seja, se o Fed mantiver a linha dura de não reduzir ou até mesmo projetar altas futuras nos juros, o esperado é que os mercados americano e brasileiro sofram um pouco.
Nesse cenário, investidores devem manter suas posições — ou até aumentá-las — em títulos públicos norte-americanos.
A taxa de juros atual dos Estados Unidos está no maior patamar em 22 anos.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do InfoMoney