O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, aumentou os juros do país na quarta-feira (3) em 0,25 ponto percentual (p.p.), para uma faixa de 5% a 5,25%. É a 10ª alta consecutiva e maior nível das taxas desde 2007. Na última divulgação, em março, o banco central dos EUA já havia elevado o referencial de juros em 0,25 ponto percentual, para o intervalo de 4,75% a 5% ao ano, já dando sinais de desaceleração no avanço dos juros do país. Como a alta da taxa de juros nos Estados Unidos praticamente já era esperada pelo mercado, a divulgação da decisão do Fed não provocou movimentos mais acentuados na cotação do dólar frente ao real na quarta-feira (3).
A decisão veio em linha com as estimativas do mercado devido aos níveis ainda altos da inflação norte-americana. No comunicado divulgado na quarta-feira (3), o Fed deixou de mencionar que “algum endurecimento adicional pode ser apropriado”. A citação constava no documento anterior, e sua retirada foi vista por analistas como uma possível sinalização de que o ciclo de aperto monetário está perto do fim.
Em entrevista coletiva feita após a divulgação do texto, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o fato de o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) ter deixado de prever um novo aumento das taxas é importante, mas reiterou que a decisão de uma “pausa” no ciclo de aperto monetário ainda não foi feita.
Em outro ponto importante, o Fomc também voltou a citar a turbulência que atingiu o sistema bancário norte-americano, diante da quebra dos bancos médios Silicon Valley Bank e Signature Bank e da crise enfrentada pelo First Republic Bank.
Alta divida pública do governo dos EUA influenciou a decisão do Federal Reserve para o aumento da taxa de juros
Outro fator mencionado por Powell, e que também influenciou a decisão do Fed, é a dívida pública do país. Isso porque o governo dos Estados Unidos corre o risco de ficar sem dinheiro depois de 1º de junho caso não haja um aumento do teto da dívida, que está em discussão no Congresso dos EUA.
O teto da dívida é um limite estabelecido pelo parlamento norte-americano sobre o montante que o governo pode arrecadar com a venda de títulos públicos. Atingir esse limite significa que o país não pode mais captar recursos dessa forma, o que pode impactar o funcionamento da máquina pública.
Sobre o futuro da maior economia do mundo, o banqueiro central afirmou que não descarta uma “leve recessão” no país. Reforçou, no entanto, que é possível que o mercado de trabalho desacelere gradativamente sem causar, necessariamente, um “aumento extremo” do desemprego. “Os salários têm se movido para baixo. Então, acredito que ainda é possível evitarmos uma recessão”, disse.
O banco central norte-americano vem aplicando altas sucessivas na taxa básica de juros para conter a alta inflação do país. Em termos simples, o arrocho monetário é uma forma de dificultar o acesso ao crédito, desaquecer a atividade econômica e, assim, incentivar a queda nos preços.
O objetivo do Fed é aplicar uma política monetária que reduza a inflação à casa dos 2%. A marca não é atingida desde fevereiro de 2021, quando chegou 1,7% no acumulado em 12 meses. Desde então, foram sucessivas altas na inflação, atualmente na casa dos 5% e, consequentemente, na taxa de juros, que vem em uma crescente desde março de 2022.
Os efeitos no Brasil, contudo, também podem ser de longo prazo: a alta de juros nos EUA indica uma desaceleração da economia mundial nos meses seguintes, já que os empréstimos e investimentos ficam mais caros. A desaceleração tende a ter efeitos por aqui na forma de uma menor demanda pelos produtos e serviços brasileiros — que pode ajudar a reduzir a inflação doméstica, mas criar outros problemas econômicos.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias